Em nota, o ex-policial militar Ronnie Lessa disse que Orelha “percebeu” a ligação de carro com o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL).
Dono de um ferro-velho, Orelha foi a pessoa a quem Lessa, o ex-PM Élcio Queiroz e o ex-bombeiro Suel recorreram para desmontar o carro envolvido no crime, ocorrido em 14 de março de 2018, segundo o denunciante.
O depoimento de Lessa foi feito à Polícia Federal (PF) em 2023. Seu sigilo foi retirado nesta sexta-feira (7) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Ele (Orelha) até percebeu e perguntou: ‘esse carro…’. Eu falei: ‘não, parece que é por isso que a gente quer jogar fora’ – falei para ele –, ‘mas não é’”, relatou Lessa.
“’É como este carro que está causando problemas. Livre-se desse carro, por favor”, pediu Lessa a Orelha, segundo o comunicado.
Orelha foi preso em fevereiro deste ano em conexão com o caso. Segundo Lessa, o dono do ferro-velho tinha “talento” para desmontar veículos.
“Ele está velho neste negócio de desmontagem de carros. Se quiser fazer evaporar um carro, entregue para Orelha”, disse Ronnie Lessa à PF.
O carro foi desmontado no dia seguinte ao crime, ocorrido em 14 de março de 2018, segundo Lessa.
Antes de o veículo ser levado para Orelha, a placa foi trocada na casa de Élcio Queiroz, o motorista – Lessa foi o responsável pelo assassinato de Marielle e Anderson Gomes.
A placa utilizada no dia do crime foi transformada num “caco”, tendo sido cortada com “tesoura” e atirada, em pedaços, a caminho do ferro-velho de Orelha.
Denúncia
No comunicado, Ronnie Lessa denunciou os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como os responsáveis pela morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes.
Os irmãos, juntamente com o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, foram presos preventivamente no final de março como parte do caso.
A CNN contatou todos os mencionados. A defesa de Rivaldo afirmou que Lessa “mentiu deliberadamente” e até “recebeu um prêmio antes do final da prova”.
Ao falar em “prêmio”, a defesa do delegado se refere a Lessa ter recebido autorização para ser transferido para o Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo.
Por sua vez, a defesa de Lessa não se referiu ao teor da denúncia: apenas à transferência da prisão. Os demais citados na denúncia não retornaram aos dados de contato do CNN.
*Com informações de Lucas Mendes e Julliana Lopes
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