O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, nesta terça-feira (4), que a tributação das compras internacionais é “razoável”.
A afirmação foi feita após o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), relator do projeto de lei que trata do tema, anunciar a retirada da seção sobre importações da proposta.
“Um imposto sobre os mesmos produtos que vêm do exterior para estabelecer essa justiça e esse equilíbrio na indústria nacional é algo muito razoável”, disse Pacheco.
O projeto de lei em análise cria o programa Mobilidade Verde (Mover), que trata de incentivos à indústria automotiva. O dispositivo que prevê a tributação de importações de produtos com valor de até US$ 50 é considerado uma “tartaruga” entre os parlamentares —quando trechos estranhos ao texto original são incluídos em uma proposta.
Na semana passada, a direção da Câmara chegou a um acordo com o Planalto para prever que o projeto estabeleça uma alíquota de 20% nas compras internacionais de até US$ 50. Atualmente, as importações nesta faixa de preço são isentas de impostos.
Relator retira tributação do texto
Porém, durante coletiva de imprensa no Senado nesta terça-feira, Cunha explicou que, há meses, o governo federal criou o programa Conform Remessas para sites internacionais.
A isenção para compras de até US$ 50 continuou válida, mas as empresas tiveram que aderir ao projeto e passaram a arrecadar 17% em impostos estaduais.
“As empresas tiveram que se adaptar a regras novas e muito mais rígidas, inclusive trazendo transparência, e isso foi há nove meses. É necessário, fundamental, ter um tempo mínimo de avaliação para saber se esse programa teve sucesso”, afirmou Cunha.
Segundo o senador, a decisão de retirar a tributação do texto foi discutida com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com outros membros do governo e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Cunha destacou ainda que o tema deveria ser tratado economicamente, e não politicamente, em um projeto à parte.
Agora, caberá ao plenário do Senado votar o relatório divulgado por Cunha. Como houve alteração no texto, caso seja aprovada, a matéria precisará retornar à Câmara dos Deputados.
Tartaruga em óleo
Na semana passada, a Câmara aprovou também uma alteração que estabelece uma política de conteúdo local para as atividades de exploração e produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, aplicável ao regime de concessões. Segundo Rodrigo Cunha, o trecho também será retirado do projeto.
Hoje, o conteúdo local é estipulado por meio de cláusulas contratuais acordadas entre a Agência Nacional do Petróleo (ANP), as empresas vencedoras das licitações e a Petrobras, durante as etapas de exploração e desenvolvimento na produção de petróleo, gás natural e biocombustíveis. O objetivo da emenda incluída na Câmara é transformar esse processo em lei.
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