A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, encontrado morto no dia 20 de maio no apartamento onde morava, na zona norte da capital fluminense.
A principal suspeita é a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, que era namorada da vítima. Ela já teve pedido de prisão decretado, mas está foragido.
Na última quarta-feira (29), a polícia prendeu duas pessoas supostamente envolvidas no caso. Entre elas está a cigana Suyany Breschak.
Brigadeiro Envenenado
O corpo de Luiz Marcelo Antonio Ormond foi encontrado no dia 20 de maio no sofá do apartamento onde ele morava, no bairro Engenho Novo, zona norte do Rio de Janeiro, após vizinhos denunciarem à polícia um cheiro forte vindo do imóvel.
O corpo estava em avançado estágio de decomposição, mas uma marca que indicava uma possível pancada na cabeça fez com que os agentes registrassem o caso como morte suspeita.
Segundo o delegado do caso, Marcos Buss, o empresário foi morto após comer um brigadeiro envenenado feito pela namorada.
Relatório do Instituto Médico Legal (IML) aponta que a morte pode ter ocorrido pelo menos três dias antes do corpo ser encontrado.
Envolvimento do cigano
Suyany Breschak foi presa nesta quarta-feira por suposto envolvimento no crime. A mulher se identifica como cigana e seria “assessora espiritual” de Júlia.
Segundo o delegado Marcos Buss, o assassinato foi arquitetado por meio de mensagens trocadas entre Júlia e a cigana.
“Sob forte influência de Suyany, Júlia teria cometido esse assassinato. E Suyany sabia o que estava acontecendo. Eles até trocaram mensagens sobre como isso seria feito”, disse o delegado ao CNN.
No depoimento à polícia, a cigana afirmou que Júlia dividia a vida, passando os finais de semana com o namorado e o meio de semana com Luiz Marcelo.
Segundo Suyany, a namorada de Luiz Marcelo lhe deve R$ 600 mil por diversos trabalhos realizados ao longo de 12 anos. A dívida estava sendo amortizada com pagamentos mensais de R$ 5 mil, segundo a cigana. A polícia aguarda a quebra do sigilo bancário pelo acusado para confirmar a informação.
Segundo a cigana, Júlia era garota de programa e continuava atendendo clientes para serviços sexuais e costumava pedir trabalho para ajudar a esconder essa fonte de renda da família e dos companheiros.
A cigana afirmou que também fez trabalhos de limpeza espiritual e rituais para atrair mais clientes.
Motivação económica
As investigações sugerem que a motivação do assassinato foi econômica.
“Júlia estaria buscando uma união estável com o empresário, com o objetivo de herdar os bens. Com a resistência da vítima, ela decidiu acabar com a vida dele e roubar bens, fazer transações”, detalhou o delegado Buss.
A cigana presa admitiu ter ajudado Júlia a se desfazer de bens de Luiz Marcelo, como seu carro. O veículo foi levado para Cabo Frio, na Região dos Lagos, após supostamente ter sido vendido pelo valor de R$ 75 mil.
O homem que estava em posse do carro ainda apresentou um documento manuscrito de transferência do veículo, supostamente assinado pela vítima. O celular e o computador da vítima também foram encontrados com o homem, que foi preso em flagrante por receptação de bens roubados.
Imagens das câmeras de segurança do condomínio mostram Júlia indo buscar o cartão bancário do namorado, entregue pelo correio, quando o homem já estava morto.
Envenenamento por morfina
A Polícia Civil acredita que Júlia usou a droga Dimorf para envenenar e depois matar o empresário. O medicamento é o sulfato de morfina, analgésico opioide usado para dores crônicas e agudas e com alto potencial de dependência.
Uma garrafa teria sido encontrada próximo ao local onde estava o corpo de Marcelo. Uma testemunha, que é médica, afirmou que o empresário nunca lhe contou que fazia uso dessa substância de acesso controlado.
Como Júlia é psicóloga, ela teria acesso ao medicamento, comumente encontrado em comprimidos, mas disponível para administração intravenosa em hospitais e postos de saúde.
A ação da substância pode durar até cinco horas no organismo, momento em que deve-se considerar se deve ou não administrar novamente a dose. O medicamento é utilizado, por exemplo, em pacientes com doenças terminais, como câncer, para aliviar dores e proporcionar conforto.
Suspeito ficou no apartamento com o corpo
Entre os dias 18 e 20, Júlia continuou a circular pelo condomínio onde morava a vítima, conforme registrado pelas câmeras de segurança.
Júlia também teria se passado por Luiz Marcelo por meio de mensagens de celular enviadas a amigos e familiares da vítima. Testemunhas estranharam as mensagens de texto, já que o empresário só enviava áudios.
Um dos porteiros relatou à polícia que, no dia 19 — dois dias depois de Luiz Marcelo ter sido visto pela última vez — Júlia foi até ele e pediu ajuda para retirar o carro do namorado da garagem, pois havia batido o veículo contra um pilar.
O porteiro disse que ajudou, mas estranhou a situação, pois o empresário não teria o hábito de deixar outras pessoas dirigirem o carro.
Nos dias seguintes ao assassinato, Júlia chegou a reclamar por mensagem de celular para o cúmplice que o mau cheiro era forte, atraindo até um urubu para a janela do imóvel.
Compartilhar: