Enquanto o Rio Grande do Sul mapeia ações voltadas para a reconstrução do estado, universidades e institutos federais calculam como recuperar a infraestrutura afetada pelas enchentes.
Levando em conta o melhor cenário – segundo expectativa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) -, o ensino superior no Rio Grande do Sul deve voltar ao normal dentro de um ano.
Na última quinta-feira (23), o governo federal liberou um novo crédito extraordinário no valor de R$ 1,8 bilhão para ações de apoio e reconstrução no Rio Grande do Sul. Desse total, mais de R$ 22 milhões serão destinados à limpeza, manutenção e recuperação de instalações de instituições de ensino.
Outras duas transferências já haviam sido feitas. O primeiro, no valor de R$ 25,8 milhões, foi destinado ao apoio à alimentação escolar no âmbito da educação básica. O segundo repasse foi de R$ 46,1 milhões, por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), para limpeza e reforma de escolas atingidas pelas enchentes.
Os valores liberados, porém, ainda estão longe do solicitado pelas instituições. De acordo com uma pesquisa realizada pela CNNdez das 11 unidades federais de ensino superior do Rio Grande do Sul estimam que precisarão de R$ 124,3 milhões para retornar aos níveis pré-cheia.
Esse total é a soma do que já foi solicitado, caso a caso. A única que não solicitou financiamento até o momento é a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que possui campi em Erechim e Passo Fundo, cidades não afetadas pelas chuvas. Procurado, o Ministério da Educação ainda não respondeu nem quando os valores serão repassados. (Veja a tabela abaixo)
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é a que tem o maior orçamento para reconstrução: R$ 40,1 milhões. As estruturas afetadas ainda estão em processo de retrocesso de água. Por isso, o cálculo ainda é impreciso e os valores devem aumentar.
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está com levantamento antecipado. A instituição estima que as estruturas do prédio serão restauradas em aproximadamente seis meses, com investimento de R$ 12 milhões.
“Se o governo enviar os recursos solicitados, dentro de seis meses teremos a estrutura recuperada. Atualmente estamos usando nossos próprios recursos para iniciar a recuperação. Mas essa conta chegará. Em meados de outubro ou novembro ficaremos sem recursos na universidade. Se o governo não cumprir, a universidade entrará em colapso mais tarde”, disse o reitor da instituição, Luciano Schuch.
De acordo com os valores arrecadados:
- apenas o reparação de telhado deve custar R$ 2,5 milhões;
- R$ 1 milhão deveria ser usado para obras de drenagem no sistema de águas pluviais;
- Isso é R$ 1 milhão para o pagamento de auxílio para estudantes que moram em alojamentos estudantis.
O restante será utilizado para limpeza e outras adequações estruturais.
O reitor cita o sucateamento das universidades nos últimos anos como um dos fatores para o grande impacto das estruturas após as chuvas. Diante disso, ele pede “um investimento mais sistemático” do governo federal.
“Nossa estrutura está sucateada, com prédios antigos e históricos. Quando chega uma chuva tão forte, todos os nossos edifícios vazam. Mas precisamos de investimentos mais sistemáticos, caso contrário, na próxima chuva, teremos problemas novamente”, afirmou.
Para a presidente da Andifes e reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão, será sugerida a criação de um centro de combate a eventos climáticos extremos. A ideia é que a sede seja em Santa Maria (RS).
“Demoraremos alguns anos para voltar à situação que estávamos – que já era precária”, afirmou Márcia.
A Andifes ainda está a negociar com o Ministério da Educação e o Ministério das Finanças uma espécie de substituição orçamental com financiamento permanente para as universidades.
Universidades privadas
Instituições de ensino superior privadas do Rio Grande do Sul estão avaliando bolsas de estudo para estudantes cujas casas foram afetadas pelas enchentes. A preocupação é que haja uma desistência severa após a retomada das atividades.
“Já entendemos que haverá evasão (devido às enchentes). [Muitos alunos] Eles não têm estrutura emocional nem casa para onde voltar”, relatou Rafael Henn, presidente do Consórcio de Universidades Comunitárias do Rio Grande do Sul (Comung), que reúne 14 instituições privadas, e reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul ( Unisc).
“Há necessidade de uma ação que vá diretamente ao aluno, porque isso pode ter um impacto enorme no longo prazo. Pensando na competitividade do estado do RS, poderá impactar o mercado de trabalho local e nacional”, completou.
Valores solicitados pelas instituições:
- UFRGS: 40,1 milhões
Aplicativo: Reparação de estruturas e assistência estudantil. - IFRS: R$ 18,3 milhões
Aplicativo: Recuperação de estrutura, despesas com limpeza, troca de móveis e auxílio estudantil. - UFSM: R$ 13,1 milhões
Aplicativo: Recuperação de estrutura e assistência estudantil. - IFSul: R$ 10,4 milhões
Aplicativo: Recuperação de estrutura e assistência estudantil. - IFFar: R$ 9 milhões
Aplicativo: Recuperação de estrutura, mobiliário e assistência estudantil. - UFPel: R$ 8,2 milhões
Aplicativo: Recuperação predial, manutenção e assistência estudantil. - UFCSPA: R$ 8 milhões
Aplicação de fundos: Reparos e auxílio estudantil. - FURG: R$ 7 milhões
Aplicativo: Reparos e auxílio estudantil. - Unipampa: R$ 5,2 milhões
Aplicativo: Reparos em telhados, geradores, adequação da rede elétrica, aquisição de materiais e atendimento estudantil. - UERGS: R$ 5 milhões
Aplicativo: Reparação de estruturas em 23 unidades e na reitoria. - UFFS: R$0
Não houve estruturas afetadas pelas enchentes. Não solicitou financiamento do Ministério da Educação.
Total: R$ 124,3 milhões
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