A área queimada no Brasil entre janeiro e agosto deste ano corresponde a 11 milhões de hectares. Os dados foram divulgados esta semana pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e outras organizações que integram a Rede MapBiomas.
O documento concluiu que os incêndios entre janeiro e agosto de 2024 foram 116% superiores aos registados no ano passado.
As áreas mais afetadas foram as grandes propriedades rurais, correspondentes a 2,8 milhões de hectares. Contudo, o maior aumento ocorreu nas chamadas florestas públicas não designadas, onde foi identificado um aumento de 176% na área afetada pelo fogo, com cerca de 870 mil hectares ardidos só este ano.
As terras indígenas também tiveram um aumento significativo: foram queimados 3 milhões de hectares, o que representa um aumento de 80% em relação a 2023. As unidades de conservação, por sua vez, registraram aumento de 116% e ultrapassaram 1,1 milhão de hectares. hectares queimados.
Políticas de Proteção
Segundo os pesquisadores, os dados demonstram uma pressão crescente sobre as terras públicas e reforçam a necessidade de políticas de gestão e proteção territorial.
“Eles [as políticas] são fundamentais para a conservação ambiental, para o respeito aos modos de vida dos povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e ao seu direito ancestral à terra, e para a manutenção dos serviços ecossistêmicos essenciais a todas as formas de vida no planeta”, explicaram os pesquisadores em a nota.
Para Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam e uma das autoras do estudo, é necessária uma análise detalhada e regionalizada de cada situação de incêndio para que seja possível compreender os padrões de incêndio e implementar ações específicas de controle.
O diretor destaca que a Amazônia e o Cerrado, locais que concentram a maior parte da área queimada no Brasil, sofrem com o manejo de pastagens e com a abertura de novas áreas de produção, que geralmente ocupam áreas de vegetação nativa.
Amazônia
Na Amazônia, bioma que mais queimou nos primeiros oito meses de 2024, foram registrados 5 milhões de hectares queimados, número que representa 87% a mais que no ano passado.
“Na Amazônia, o desmatamento e a expansão agrícola geram um ciclo de incêndios. No Cerrado e no Pantanal, o uso do fogo está muitas vezes ligado ao manejo de pastagens, inclusive naturais, enquanto a Caatinga e a Mata Atlântica sofrem com incêndios de origem acidental ou decorrentes de práticas agrícolas de pequena escala”, finalizou Ane.
“A distribuição do fogo na Amazônia indica forte pressão sobre áreas públicas formalmente protegidas, bem como aquelas ainda em processo de alocação e áreas sem informações cadastrais”, destacam os pesquisadores envolvidos no estudo.
Áreas queimadas no bioma:
- Florestas públicas não designadas: maior aumento registrado na Amazônia (175%), atingindo 834 mil hectares queimados.
- Unidades de conservação do bioma: no local, que abrange uma área de 102 milhões de hectares de vegetação nativa, o aumento das queimadas foi de 113%, atingindo cerca de 603 mil hectares.
- Propriedades rurais: O maior aumento foi registrado nas pequenas propriedades (99%), seguidas das médias (85%) e grandes (68%).
- Assentamentos rurais federais e estaduais: Foram queimados 749 mil hectares nos primeiros oito meses de 2024, número 144% superior ao mesmo período do ano passado.
A pesquisa destaca propostas para o controle do fogo em todos os biomas, incluindo a implementação de medidas mais rigorosas para acabar com o uso do fogo nas propriedades rurais, reforçando as operações de combate ao uso ilegal do fogo, além de ampliar programas de conscientização para proprietários rurais. e comunidades rurais relativamente aos riscos de incêndios.
Na Amazônia, o estudo destaca a importância da destinação adequada de áreas, por meio da criação de parques, terras indígenas e outros tipos de áreas protegidas essenciais para a proteção dos territórios contra grilagem e invasões, além de consolidar mecanismos legais e de uso sustentável. .
O CNN contatou o Ministério do Meio Ambiente, mas ainda não obteve resposta.
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