O policial militar Rafael Castanho Freitas, 34, que executou um suspeito com dois tiros na cabeça após uma abordagem em Guarulhos, na Grande São Paulo, participou de pelo menos outros dois incidentes que terminaram em morte.
O CNN fez pesquisas em fontes jurídicas abertas, que mostram que os incidentes também ocorreram em Guarulhos e tiveram relatos semelhantes, em que os suspeitos foram baleados após reagirem.
A primeira ocorrência é de setembro de 2021, em que o policial Castanho e outros agentes foram chamados para atender um pedido de assalto a uma residência no bairro Parque Jurema, em Guarulhos. Segundo relatos do Boletim de Ocorrência, quando a polícia chegou ao local, os suspeitos fugiram.
Depois, a polícia conseguiu cercar um dos suspeitos, identificado como Guilherme Augusto de Sousa, na rua atrás da casa. Agora mesmo, Sousa teria disparado contra os policiais, que responderam e atiraram três vezes no peito do suspeito.que foi resgatado, mas morreu. Um dos tiros teria sido disparado por Castanho, segundo o documento.
Na outra ocorrência, em agosto deste ano, o policial Castanho fazia patrulhamento no bairro Pimentas, em Guarulhos, quando suspeitos que estavam em um carro roubado abandonaram o veículo e fugiram. Segundo a reportagem, após uma perseguição que durou aproximadamente cinco minutos, a polícia capturou William Francisco de Oliveira.
Após alcançar o suspeito, o policial Castanho brigou fisicamente com Oliveira, que teria sacado uma arma e disparado vários tiros, mas a munição “se partiu”, segundo a reportagem. O policial então disparou dois tiros que atingiram o suspeito.. Ele foi resgatado, mas morreu.
A reportagem questionou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) sobre a atuação do policial após os incidentes, mas ainda não obteve retorno. O espaço permanece aberto para possíveis manifestações.
Câmeras corporais
As imagens que mostram o policial atirando na direção do suspeito após resistir a uma abordagem em Guarulhos são do dia 3 de agosto, mas só foram divulgadas esta semana.
No vídeo da câmera corporal, é possível ver que durante a colisão, o suspeito tenta arrancar um objeto. Segundo o policial, era uma arma. O policial então retira o objeto da mão do homem e dá dois tiros na cabeça do suspeito, que morre.
Em nota, a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo disse que os autos demonstram, em uma primeira análise, um erro processual, que, segundo o órgão, se tornou um fato comum na escalada da violência policial.
Em relação a este caso, a SSP informou que abriu uma investigação para apurar as circunstâncias do incidente. “Na ocasião, dois indivíduos em um veículo roubado tentaram fugir ao avistar a equipe policial. Após monitoramento, foi realizada uma abordagem e um dos suspeitos foi preso. O segundo brigou fisicamente e sacou um revólver contra o agente, que interveio”, acrescentou o ministério.
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