Suzane von Richthofen, 41 anos, cumpre pena em liberdade pela morte dos pais e presta concurso público para ingressar no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP). Ela se inscreveu para a função de secretária técnica judicial, com salário inicial de R$ 6.043, além de auxílio alimentação, saúde e transporte.
A prova objetiva, com 100 questões, foi aplicada no domingo, dia 8. A competição também inclui uma prova prática de digitação.
Ela se registrou com o nome que usa atualmente, Suzane Louise Magnani Muniz, sem o von Richtofen. O candidato fez a prova em uma escola do bairro Cambuí, em Campinas.
Segundo o TJSP, estão sendo oferecidas 572 vagas para comarcas em todas as regiões do Estado, sendo 300 vagas para a capital.
Os candidatos devem ter mais de 18 anos e ensino médio completo, como é o caso de Suzane. Atualmente cursa Direito no campus Bragança Paulista, onde mora.
A competição é bastante concorrida, já que se inscreveram 181.966 candidatos, uma média de 318 por vaga ofertada.
Boa conduta
O TJSP informou que, para que uma pessoa seja nomeada como escrivão técnico judicial do tribunal, ela deverá ser aprovada em concurso público e atender a requisitos como “ter boa conduta”.
Para isso, é necessária a apresentação de certidão de antecedentes criminais, certidões de distribuição de processos em cartórios e execuções criminais.
Também é solicitada declaração manuscrita, informando se a pessoa responde ou já respondeu a inquérito policial, pois o candidato deve estar no pleno gozo dos direitos políticos.
No caso de Suzane, em razão da condenação, seus direitos políticos ficam suspensos até o cumprimento integral da pena, o que só deverá ocorrer em fevereiro de 2038.
Pode se beneficiar, no entanto, de decisão de outubro de 2023 do Supremo Tribunal Federal (STF) pela qual podem ser nomeados e empossados condenados aprovados em concursos públicos, desde que não haja incompatibilidade entre o cargo a ocupar e o crime cometido . , nem conflito de horários entre a jornada de trabalho e o regime de cumprimento de pena.
No regime aberto, Suzane é obrigada a ficar em casa entre 20h e 6h, mas pode trabalhar fora o resto do dia. Se aprovada, caso seu cargo seja negado, a candidata poderá recorrer à Justiça para garantir sua vaga.
O escrivão judicial é o funcionário que organiza os serviços administrativos e técnicos do tribunal distrital, acompanha o andamento dos processos e presta atendimento ao público. Além disso, o funcionário prepara e confere documentos e controla materiais de escritório.
20 anos de prisão
Suzane foi condenada em 2002 a 39 anos e 6 meses de prisão por participação no assassinato de seus pais. Ela saiu da prisão em janeiro de 2023, depois de passar mais de 20 anos presa, e desde então procura uma ocupação profissional. Inicialmente, a jovem passou a morar em Angatuba, no sudoeste de São Paulo, onde abriu uma loja online de venda de acessórios femininos, que ainda tem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ativo.
Em 2023, ela se inscreveu em um concurso público para ocupar o cargo de operadora de telefonia na Câmara Municipal de Avaré, mas não compareceu para fazer a prova. Em dezembro do ano passado, Suzane foi a um cartório para mudar de nome, retirando von Richthofen, pelo qual ficou conhecida após o crime, e acrescentando o sobrenome do marido, Muniz. O casal tem um filho, nascido em janeiro deste ano.
A repórter entrou em contato com Suzane por telefone e pela rede social de sua empresa, e ainda aguarda resposta.
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