As áreas agrícolas foram as mais impactadas pelas queimadas que atingiram o estado de São Paulo na semana passada. Entre quinta (22) e sábado (24), foram registrados cerca de 2,6 mil focos de calor — 81,29% estavam em espaços agrícolasocupada por plantações de cana-de-açúcar e pastagens. A vegetação nativa queimada totalizou 440 focos de calor, ou seja, 16,77% de todos os focos registrados nos três dias.
Os números, divulgados nesta terça-feira (27), são de uma análise do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), com dados produzidos pela Rede MapBiomas. A análise combina informações de satélites de referência para pontos quentes e satélites GOES para visualização de fumaça e anomalias térmicas.
Os dados mostram que o principal alvo do incêndio foram áreas que já haviam sido desmatadas, ou seja, aquelas que já tinham algum tipo de uso. Portanto, podemos concluir que, se o fogo atingiu uma área de vegetação nativa, isso ocorreu porque ele escapou do local onde começou.
avalia Wallace Silva, analista de pesquisa do IPAM
Na última sexta-feira (23), São Paulo registrou mais focos de calor do que toda a Amazônia no mesmo diaconforme monitoramento. Imagens de satélite, que captam focos de calor, registraram um aumento no número de focos de calor de 25 para 1.886. Os satélites também detectaram aparecimento de colunas de fumaça em 90 minutos.
“Não é natural que surjam tantos focos de calor em um curto período, principalmente em uma região como São Paulo. É como se fosse um Dia do Fogo exclusivo da realidade do estado, evidenciado pela cortina de fumaça simultânea que surge visualmente ao oeste”, comenta Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.
Segundo a análise, do total de focos de calor em áreas produtivas registrados no período, cerca de 44% (1.200 focos de calor) ocorreram em áreas de cultivo de cana-de-açúcar e 20% (ou 524 focos) em “mosaico de usos” — áreas agrícolas, nas quais não é possível distinguir entre pastagem e agricultura
- Menos de 10% (ou 247 surtos) em pastagens;
- Cerca de 7,43% (ou 195 focos) ocorreram em áreas de silvicultura, soja, citricultura, café e outras culturas.
A vegetação nativa queimada totalizou 440 focos de calor, o equivalente a 16,77% de todos os focos de calor registrados nos três dias. As formações florestais foram as mais afetadas, concentrando 13,57% dos focos de calor no estado.
Municípios mais afetados
O monitoramento mostrou que cinco cidades foram responsáveis por 13,31% dos focos de calor ocorridos nos três dias no estado de São Paulo:
- Pitangueiras (3,36%);
- Altinópolis (3,28%);
- Sertãozinho (2,4%);
- Olímpia (2,17%);
- Cajuru (2,1%)
*Sob supervisão de Guilherme Gama
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