A Defensoria Pública da União (DPU) emitiu alerta sobre a necessidade de melhorar o atendimento aos migrantes no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), após monitorar o local nos últimos meses e observar grave violação dos direitos humanos. Mais de 550 migrantes estavam numa área restrita do aeroporto, muitos com sintomas semelhantes aos da gripe, sem cobertores, agasalhos, alimentação adequada e com acesso restrito a banhos e higiene, segundo o gabinete do defensor.
O documento foi enviado, na última sexta-feira (16), ao Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), à Polícia Federal (PF), à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), à Secretaria de Justiça e Cidadania do governo de São Paulo e da Prefeitura. Salão de Guarulhos. O CNN contataram os órgãos solicitados e suas posições estão no final deste artigo.
Em dezembro de 2023, a DPU já havia enviado recomendação aos órgãos envolvidos, ao constatar a retenção de 485 imigrantes no aeroportoque incluía mulheres grávidas, crianças e menores não acompanhados, em condições que violavam os direitos humanos: “Sem cuidados de saúde, sem acesso a alimentos e higiene adequada e em detenção indevida durante dias ou semanas“, de acordo com o texto. A Defensoria Pública reforçou que a situação se agravou desde a pandemia da Covid-19 e as recomendações não foram integralmente acatadas.
Na última quinta-feira (15), a DPU informou que crianças e adolescentes dormiam no chão e havia uma demanda crescente por cuidados de saúde. Em meio às baixas temperaturas na cidade de Guarulhos (SP), “muitos não receberam cobertores e passam a noite sem roupa”, afirma o órgão. A Provedoria de Justiça entende que o atendimento prestado aos migrantes é inadequado, inaceitável, degradante e expõe as pessoas ao risco de morte.
A Defensoria informa ainda que recebeu a notícia, que não confirmou, da morte de um migrante nacional ganenseque teria sido levado ao hospital para receber tratamento médico após se sentir mal na área restrita.
O CNNA Secretaria Nacional de Justiça (Senajus), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), confirmou a morte do imigrante no dia 13 de agosto. o MJSP solicitou auxílio do Itamaraty para entrar em contato com as repartições consulares do país de origem do migrante na tentativa de localizar familiares.
O órgão acredita que os esforços da PF são insuficientes para libertar rapidamente pessoas de outras nacionalidades solicitantes de asilo e que não há estrutura adequada para prestar assistência durante o período de espera, como alimentação regular, proteção contra o frio e alojamento.
Entre as recomendações do documento está a estabelecimento de um período de 24 horas para os migrantes permanecerem na áreapela PF, e a adoção de procedimento chamado admissão excepcional ou entrada condicionada para agilizar a admissão. O procedimento permitiria que a pessoa fosse admitida em território nacional após ser identificada e, no prazo de oito dias, concluísse o pedido de asilo.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) defende o processamento dos pedidos e a libertação das pessoas que procuram asilo, idealmente no prazo de 48 horas e afirma que, nos últimos dias, tem registado um aumento considerável no número de pessoas que chegam em busca de protecção internacional e solicitam estatuto de refugiado. O aumento do número de voos e da circulação de pessoas também levou a um aumento acima da capacidade normal de atendimento, razão pela qual permaneceram mais tempo no local, segundo a agência.
O que os corpos dizem
O Conarpor meio do MJSP, informa que está acompanhando o crescimento do fluxo de viajantes que chegam ao aeroporto e que, desde o mês de julho, vem sendo observado um aumento no fluxo de viajantes que chegam em trânsito internacional, mas deixam de prosseguir viagem, não poder entrar no Brasil por falta de visto. O comitê entende que as pessoas pedem refúgio para entrar no Brasil, mesmo sem a documentação pertinente.
A Senajus informa que estuda medidas estruturantes para esse tema, conforme discutido na audiência pública realizada na semana passada na Comissão Mista de Migrações Internacionais e Refúgio do Congresso Nacional.
Nesta segunda-feira (19), o Polícia Federal informou que existem 466 viajantes na área de inadmissível.
O Prefeitura de Guarulhos informou que não recebeu nenhuma carta ou notificação sobre o caso do imigrantes que estão na área de inadmissível e que o atendimento dessas pessoas só é possível em território brasileiro, ou seja, quando elas são liberadas da área restrita.
O Anac e o governo de São Paulo Eles não retornaram contato até a publicação desta matéria.
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