O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou 11 pessoas por participarem de um “ecossistema” criminoso do PCC na região da Cracolândia, no centro de São Paulo.
O MP-SP concluiu que a entidade mantinha uma série de atividades ilícitas na região, como tráfico de drogas, comércio ilegal de peças de veículos e celulares e corrupção entre agentes públicos que extorquiam comerciantes da região.
Segundo o órgão, a Favela do Moinho serviu de “verdadeira ‘sede’ para todo o ecossistema criminoso da região central de São Paulo” e para o abastecimento de entorpecentes no território.
Com controle da região, o PCC realizava vigilância e monitoramento das ações policiais por meio da captação de sinais de transmissores de rádio.
O grupo era liderado por Leonardo Monteiro Moja, conhecido como “Leo do Moinho”. Veja a lista dos acusados:
- Leonardo Monteiro Moja
- Raquel Maria Faustina Monteiro Moja
- Jefferson Francisco Moja Teixeira
- Alberto Monteiro Moja
- Iván Rodrigues Ferreira
- Janaína da Conceição Cerqueira Xavier
- Valdecy Messias de Souza
- Paulo Márcio Teixeira
- Ingrid de Freitas
- Wellington Tavares Pereira
- Alfredo da Silva Bertelli Prado
Eles são acusados dos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e associação ao tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e violação de comunicação radioelétrica.
O ministério solicitou a prisão preventiva de Jefferson e Alberto Moja, responsáveis por atividades ilegais na ausência de Leo do Moinho. O líder do grupo esteve preso entre 2021 e 2023.
O órgão afirma que os dois conseguirão manter o funcionamento da organização criminosa caso permaneçam em liberdade, além de serem reincidentes e enfrentarem acusações criminais.
A denúncia foi apresentada à Justiça na última segunda-feira (19).
Resultados da investigação
As investigações, que duraram cerca de um ano, constataram que o grupo tem amplo acesso às comunicações das autoridades com a instalação de rádios na região. Dessa forma, os criminosos conseguem antecipar as ações policiais e até mesmo evitá-las.
Segundo o ministério, esse nicho é muito importante para o funcionamento de toda organização criminosa.
Isso porque, ao obterem informações privilegiadas das operações policiais, os criminosos continuaram o tráfico de drogas na Favela do Moinho.
A denúncia aponta ainda que há indícios de uma rede estruturada de receptores, instalada em comércios da região, que absorvem produtos roubados e os armazenam e vendem em seus estabelecimentos.
Além disso, o relatório mostra que as práticas ilegais também serviram para violar os direitos de inúmeras pessoas, violando a dignidade do ser humano.
O MP-SP concluiu que a família Moja, liderada por Leonardo Monteiro Moja, aproveitou a desorganização e ausência de autoridades na região para criar um ambiente para diversas atividades criminosas.
Estas práticas alimentam-se umas das outras e violam os direitos humanos básicos das pessoas da região, especialmente dos toxicodependentes, que foram encorajados a opor-se às acções policiais.
Operação Salus et Dignitas
A investigação do Ministério Público resultou em uma “megaoperação” na Cracolândia, região central da capital paulista, no dia 6 de agosto.
A ação terminou com 15 pessoas presas e 56 imóveis fechados. Segundo o balanço divulgado pelo governo de São Paulo, dez foram presos em flagrante e cinco por ordem judicial.
Leonardo Monteiro Moja, que estava em liberdade condicional, foi preso na operação.
Também foram alvo de três guardas civis metropolitanos e um ex-agente da GCM suspeitos de operar o grupo que extorquiu dinheiro de comerciantes da região.
Os dados finais apontaram a apreensão de 348 munições, 122 telemóveis, 78 viaturas, 35 computadores, 22 quilos de droga, oito rádios comunicadores, três armas e dois simulacros.
As equipes também apreenderam mais de R$ 264 mil em dinheiro, obtidos pela quadrilha por meio do tráfico de drogas. No total, foram executados 117 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão.
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