Documento do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) disponibilizado pelo Arquivo Nacional revela que, em 2014, um avião da Gol teve que fazer uma “manobra evasiva” para evitar colidir com um objeto voador não identificado (OVNI).
De acordo com o registro do incidente, o caso aconteceu por volta das 12h10 do dia 24 de janeiro de 2014 no Ceará. A aeronave da Gol estava no voo 9109, que decolou de Brasília com destino a Fortaleza.
O documento afirma que um grande objeto branco foi visto em velocidade “supersônica” próximo ao município de Quixadá (CE), a aproximadamente 170 quilômetros de Fortaleza. Segundo relatos, o objeto voou em “zigue-zague” de leste a oeste e não deixou vestígios.
Trecho do documento:
Conforme informou ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo 3 (Cenipa 3), no Recife, o avião da Gol estava em procedimento de descida para o aeroporto de Fortaleza, voando a uma altitude entre 33 mil e 35 mil pés (entre 10 mil e 35 mil pés). 10,6 mil metros), quando avistou o OVNI.
“GL09109 realizou uma manobra evasiva para evitar a colisão com o OVNI”, diz o documento. Não foram fornecidos o prefixo nem o modelo do jato Gol que teria visto o OVNI.
O CNN consultou os registros de incidentes aéreos no Cenipa e não há menção de nenhuma aeronave Gol na referida data.
O mesmo relatório menciona que dois outros pilotos disseram ter visto o mesmo OVNI na mesma data. Um deles comandou o voo ONE6372, da extinta Avianca Brasil, de Guarulhos a Fortaleza.
Segundo o documento, o piloto da Avianca avistou o objeto por volta das 12h15, na mesma faixa de altitude em que a tripulação da Gol havia feito o avistamento.
“Ambos relataram visualizar apenas através do TCAS e que o objeto estava voando muito rápido em movimentos em zigue-zague“, diz o registro. O TCAS é um equipamento que, traduzido para o português, se chama Onboard Collision Anti-System.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) explica que o TCAS é um “sistema que mostra ao piloto de uma aeronave a posição relativa de outra aeronave voando nas proximidades, sempre que o transponder estiver em operação”. “Em caso de ameaça de colisão, o sistema indicará, de forma visual e sonora, uma manobra de subida ou descida, necessária para evitar a colisão. Os sistemas das aeronaves se comunicam de tal forma que, se um avião receber ordem de subida, o outro receberá ordem de descer ou manter o nível”, acrescenta o departamento, ligado à Força Aérea Brasileira (FAB).
Um terceiro piloto, que voava entre Alagoas e Piauí, relatou ter visto o mesmo OVNI por volta das 12h53, quando estava a uma altitude de cerca de 10 mil pés (o equivalente a aproximadamente 3.200 metros). Assim como aconteceu com o jato Gol, ele também teve que evitar o objeto.
“O mesmo [piloto] relatou que realizou uma manobra evasiva para evitar a colisão e que o objeto era muito rápido, passando a aproximadamente 300 pés da aeronave. O piloto também relatou que teve contato visual com o OVNI e que ele era de cor branca.”
O CNN procurou a Gol para se posicionar sobre o caso, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta reportagem.
Outros relatórios
Só no ano passado, a FAB recebeu pelo menos 30 relatos de pilotos sobre avistamentos de OVNIs no Brasil. A maior parte dos registros foi feita na região Sul do país, especialmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
No dia 7 de fevereiro, um piloto diz ter visto uma luz vermelha e verde em formato circular do tamanho de uma “bola pequena a grande (variando)”. Ele indicou que o objeto voava “dez vezes mais rápido que um avião comercial”. O avistamento ocorreu em Navegantes, litoral catarinense.
Outro profissional da aviação, que voava em direção a Santa Catarina, relatou que, por volta das 2h do dia 21 de janeiro, quando sobrevoava a cidade paulista de Ilha Comprida, avistou de quatro a cinco objetos com luzes brancas piscando e de longa distância. A velocidade, segundo ele, foi “muito rápida”: “Pelo menos 8 mach [oito vezes a velocidade do som]“.
Veja galeria com relatórios de 2023
Os documentos disponibilizados pelo Arquivo Nacional também incluem uma série de áudios divulgados por pilotos brasileiros em 1986, na ocasião que ficou conhecida como a “Noite dos OVNIs”. Segundo o Ministério da Justiça, no dia 19 de maio daquele ano, 21 objetos foram identificados pelos radares do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta).
A Força Aérea Brasileira (FAB) enviou cinco jatos para perseguir esses OVNIs, mas nenhum deles obteve sucesso em sua missão.
“Você está ‘entendendo’, controle? Eles são baixos. É por isso que você perdeu. Tem dois altos aqui no alinhamento da pista e tem mais dois ou três abaixo agora”, relatou. O piloto disse que os dois que estavam mais altos mudavam de cor com frequência.
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