Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que a mpox é mais uma vez uma emergência de saúde pública de interesse internacional, o Ministério da Saúde está negociando a compra da vacina que combate o vírus. No total, a secretaria pretende adquirir 25 mil doses da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
O anúncio foi feito pela secretária de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente (SVSA), Ethel Maciel, durante evento de reabertura do Centro de Operações de Emergências em Saúde (COE), na última quinta-feira (15). “Neste momento estamos negociando um processo de compra com a Opas. Para que, além dessas pessoas que já vacinamos, tenhamos uma reserva no Brasil”, afirmou.
Desde 2023, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso provisório do imunizante conhecido como Jynneos ou Imvanex, produzido pela farmacêutica Bavarian Nordic, cerca de 47 mil doses foram recebidas e mais de 29 mil aplicadas.
Segundo Clarissa Damaso, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), houve baixa adesão à campanha de vacinação contra mpox em 2023. O virologista é um dos 16 membros do comitê da OMS que avaliou a emergência do surto de mpox.
“Talvez porque as vacinas só começaram a ser aplicadas no início de 2023 e o pico do surto foi em agosto e setembro de 2022. Talvez muita gente já tivesse pensado ‘ah, a mpox já acabou’”, especula. Ela destaca que, na época, a vacina demorou a ser implementada como estratégia de combate à doença porque havia limite de produção dos fabricantes e muita procura em todo o mundo.
Quem pode tomar a vacina mpox
“A vacina (em massa) não se justifica, porque não é uma doença que esteja afetando ou ameaçando o mundo inteiro”, explica Clarissa. Ela destaca ainda que a doença afeta populações específicas e que a vacina é cara e não está amplamente disponível. “É uma vacina cara porque é fabricada em pequenas quantidades. Então, não há necessidade (de vacinação em massa), acho que a população pode ficar tranquila”, afirma.
No Brasil, a situação é considerada nível 1, a menos alarmante. Não há registros de casos da nova variante do vírus mpox que se espalha pela República Democrática do Congo, considerada mais letal.
Nesse cenário, o imunizante Jynneos deve ser aplicado em duas doses, com intervalo de quatro semanas entre elas, e apenas nos seguintes casos:
- Pré-exposição: pessoas entre 18 e 49 anos que convivem com HIV/Aids e profissionais que atuam em contato direto com o vírus em laboratórios. Se houver uma vacina disponível online, a imunização também pode ser indicada para indivíduos submetidos à profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). Nestes casos, a orientação é que a vacina seja administrada com intervalo de 30 dias entre qualquer vacina administrada anteriormente.
- Pós-exposição: pessoas maiores de 18 anos que foram expostas ao vírus mpox através do contato direto ou indireto com fluidos e secreções de pessoa infectada, o que pode acontecer: por toque na pele ou mucosa; por relação sexual; pela inalação de gotículas em ambientes comunitários fechados; compartilhando objetos, especialmente objetos pontiagudos. Nestes casos, a recomendação é que a vacina seja administrada em até quatro dias após a exposição. Somente em situações excepcionais a imunização pode ser realizada em até 14 dias, mas com eficácia reduzida.
Centro de Operações de Emergência
Além da aquisição de vacinas, o Ministério da Saúde também reativou o COE, centro responsável por coordenar as ações de prevenção e controle da mpox em nível federal. Foi ativado em julho de 2022, na sequência da declaração de emergência de saúde pública da OMS naquele ano. As operações foram encerradas após a entidade declarar o fim da situação de emergência, em 2023, e agora serão retomadas.
Segundo o ministério, após o surto de mpox em 2022, existem 27 laboratórios nacionais de referência que realizam testes de diagnóstico da doença. “Atualmente, todo o país está abastecido com insumos para esses testes”, afirmou, em nota.
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