O governo de São Paulo proibiu a venda de moluscos bivalves, como amêijoas, ostras e mexilhõesna Baixada Santista, litoral de São Paulo. Comerciantes das cidades de Peruíbe, Itanhaém, Cananeia e Praia Grande estão proibidos de vender estoques de alimentos produzidos a partir de 30 de julho. A medida ocorre após amostras de água coletadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) mostrarem quantidades de microalgas Dinophysis acuminada acima do valor máximo permitido.
Altas concentrações estão relacionadas à proliferação exacerbada de microalgas tóxicas, fenômeno conhecido como Maré Vermelha. As toxinas se acumulam nesses animais, que se alimentam filtrando a água do mar, e podem causar danos à saúde humana por ingestão. Quatro resultados de análises de água foram publicados nesta segunda-feira (12), no Diário Oficial do estado.
Dinophysis acuminada acima do valor máximo permitido
- Praia do Guaraú, em Peruíbe (SP)
- Balneário Gaivotas, em Itanhaém (SP)
- Canto do Forte, em Praia Grande (SP)
Dinophysis acuminada e limão Prorocentrum acima do valor máximo permitido
- Praia de Itapitangui em Cananéia (SP)
A ordem Prorocentrum agrupa outras algas que também são potencialmente tóxicas e representam risco à saúde humana.
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES-SP) informa que cabe a todo estabelecimento comercial segregar os estoques e não oferecer tais produtos para venda ou consumo no local, até nova orientação. Os estabelecimentos fiscalizados pelas vigilâncias sanitárias estaduais e municipais que comercializam mariscos poderão ser proibido de forma cautelar.
A prefeitura de Praia Grande (SP) informa que está monitorando o aparecimento de microalgas e, até esta quarta-feira (14), Não há casos suspeitos de intoxicação humana, e nenhuma praia da cidade foi fechada por conta do caso. A prefeitura de Itanhaém (SP), por meio da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, informou que está monitorando o caso e que não foram detectadas concentrações alarmantes dessa microalga nas praias da cidade. O CNN entrou em contato com as prefeituras de Peruíbe (SP) e Cananeia (SP) e aguarda resposta.
No final do ano passado, a Secretaria informou que o litoral norte de São Paulo corria risco de contaminação de moluscos por microalgas do gênero Pseudo-nitzschia, que produzem substâncias tóxicas que podem causar sintomas gastrointestinais a neurológicos, como amnésia e convulsões . O caso de infecção nesse tipo de alga é conhecido como envenenamento amnésico.
Como a toxina chega aos moluscos?
As microalgas são comuns no ambiente costeiro e fazem parte da cadeia alimentar dos ecossistemas marinhos — servindo principalmente como alimento para organismos consumidores primários, como moluscos bivalves e peixes filtradores, como a sardinha, que filtram a água do mar em busca de alimento microscópico.
“São como as plantas do ambiente terrestre: realizam a fotossíntese e servem como primeira fonte de energia para outros seres vivos”, explica Luiz Laureno Mafra Jr, oceanógrafo doutor em Biologia e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). ), em entrevista CNN.
Algumas espécies dessas microalgas podem produzir toxinas que são liberadas na água do mar e entram em contato com moluscos. O risco é maior quando ocorre o fenômeno conhecido como Harmful Algal Bloom (FAN), popularmente conhecido como Red Tide. Neste fenômeno, há crescimento e predominância de algas tóxicas no mar.
O professor destaca que ações humanas como o aquecimento global, com o aumento da temperatura dos oceanos, e o despejo de esgoto no litoral, relacionado à eutrofização, podem levar o ambiente marinho a um estado de desequilíbrio, possivelmente relacionado à maior proliferação desses microrganismos.
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