O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro absolveu um homem que foi preso por nove anosapós ser reconhecido através de uma foto, em 2014.
Everton Rodrigues da Silva, 30 anosfoi condenado a 22 anos de prisão por roubo. Na decisão, proferida pela 3ª Turma das Câmaras Criminais do TJ-RJ, os desembargadores citaram fragilidades nas provas e inconsistências nos depoimentos.
Durante as audiências, testemunhas usaram expressões como “pessoa de cor” e identificaram o atirador como um homem negro e cavanhaque. A partir das características, a polícia realizou diligências, tirou fotos do suspeito que estava em casa e, por meio delas, Everton foi reconhecido.
Durante o processo de análise, uma testemunha ocular do homicídio admitiu que a acusação original contra o Everton foi influenciada por pressões externas e não correspondia à veracidade dos factos. O homem identificou outras pessoas, conhecidas pelos apelidos Lequinho e Tequinho, como os verdadeiros autores do crime.
“Esta decisão destaca a necessidade de uma investigação completa e da recolha de provas irrefutáveis antes de uma condenação, reafirmando o compromisso do judiciário com a justiça e a verdade”, afirmou a defesa de Everton num comunicado.
Após a condenação, Everton cumpriu nove anos de prisão e há pouco mais de um ano usava tornozeleira eletrônica após progredir para VPL (Visita Domiciliar Periódica).
Segundo o advogado Patrick Benedito, Everton foi vítima de racismo estrutural. O defensor cita ainda que em decorrência da condenação, o jovem perdeu momentos importantes de sua vida, como a gravidez da esposa, o crescimento do filho, a formação profissional e outros planos.
“Na época ele estava fazendo um curso e não conseguia o diploma. Ele tinha o sonho de ser jogador de futebol, mas esse desejo também foi interrompido. Na verdade, toda a sua vida parou, mesmo não havendo provas ou indícios que o condenassem”, afirma Patrick.
O crime
O crime ocorreu em março de 2014, no litoral de Campos dos Goytacazes, Zona Norte do Rio de Janeiro. Na ocasião, um homem de 26 anos respondeu a um assalto, foi baleado no pescoço e não resistiu aos ferimentos. Os bandidos fugiram, levando o fio e o celular da vítima.
Segundo as investigações, dois adolescentes que estavam com a vítima afirmaram que o atirador era um homem negro e de cavanhaque. Depois de verem uma foto de Everton, testemunhas o reconheceram como o atirador.
Além do indiciamento da Polícia Civil, o Ministério Público do Rio de Janeiro indiciou o jovem que, no final de 2014, foi condenado a 22 anos pelo crime de roubo (roubo seguido de morte).
A CNN entrou em contato com a Polícia Civil e o Ministério Público estadual e aguarda resposta.
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