A empresária Grazielly da Silva Barbosa, proprietária da clínica de estética onde a influenciadora digital Aline Ferreira passou por um procedimento estético nove dias antes de morrer, se apresentava como médica biomédica, mas, segundo a polícia, não tinha formação na área.
A delegada Débora Melo, da Secretaria de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor do Estado de Goiás, informa que Grazielly chegou a estudar medicina no Paraguai, mas desistiu do curso antes de se formar. “O que ela nos contou é que estudou medicina até o terceiro período em uma faculdade no Paraguai, mas saiu há três anos”, diz o delegado.
“Além disso, o que ela fez foram cursos gratuitos na área de estética. Ela listou alguns cursos que fez, mas não apresentou diploma ou certificação. Então, ela é uma pessoa que não possui formação superior na área da saúde e não apresentou nenhum certificado de qualificação técnica para a realização desses procedimentos”, acrescentou.
A delegada acrescenta, porém, que, mesmo que Grazielly fosse formada em biomedicina, ela não teria condições de realizar o procedimento que fez em Aline: a aplicação de polimetilmetacrilato, também conhecido como PMMA, nas nádegas.
“A própria Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] diz que [o PMMA] É um produto com grau máximo de risco. E o fabricante também determina que apenas médicos capacitados possam usar o PMMA”, informa Débora Melo.
Ela acrescenta que o PMMA, “segundo a Anvisa, só tem aprovação [de uso] para correções de distrofias menores em pessoas que foram submetidas a tratamento contra poliomielite ou AIDS. Portanto, a Anvisa não autoriza a aplicação de PMMA para aumento de volume glúteo.”
A clínica Grazielly, em Goiânia, não tinha alvará de saúde e foi fechada. O dono do estabelecimento é preso.
Segundo o Delegado, mesmo após as complicações envolvendo o caso da influenciadora, a clínica funcionava normalmente. “A notícia que tivemos foi que após a internação da Aline, a dona da clínica havia encerrado o contato com a família e estava meio escondida, havia desativado as redes sociais. Portanto, não esperávamos encontrá-la na clínica.”
Segundo as investigações, a influenciadora não passou por nenhum exame antes do procedimento. “Quando fazemos fiscalizações em clínicas, é comum apreendermos prontuários de pacientes. Não havia registros de pacientes lá. Ou seja, a pessoa simplesmente chegou, pagou, realizou o procedimento e foi embora. Não havia registro do histórico do paciente para saber se o paciente apresentava alguma condição clínica prévia que pudesse causar algum problema após o procedimento. Não foram necessários exames prévios para a realização do procedimento”, destaca o delegado.
A CNN tenta contato com a defesa de Grazielly da Silva Barbosa.
Aline morava no Distrito Federal, tinha dois filhos e era casada desde 2021. O procedimento foi realizado no dia 23 de junho e o óbito ocorreu na última terça-feira (2). O corpo dela foi enterrado nesta quinta-feira (4).
A influenciadora de 33 anos tinha quase 44 mil seguidores no Instagram e se apresentava como modelo fotográfica. Na descrição de seu perfil, ela afirmou que o conteúdo apresentado se referia a “looks, estilo de vida e dicas do dia a dia”.
Em pelo menos três postagens, ela falou sobre procedimentos estéticos que já havia realizado antes da aplicação do PMMA nos glúteos: remoção de estrias, rinomodelação com ácido hialurônico e aplicação de botox.
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