O Brasil passará por intensos problemas climáticos em 2024. Chuvas devastadoras na Região Sul causaram a maior tragédia do Rio Grande do Sul com enchentes que destruíram parte da capital gaúcha e seu entorno.
No Pantanal, a seca na região provoca incêndios, pior recorde para um primeiro semestre desde 1988, quando o Inpe começou a fazer medições por meio de satélites.
Mas estes acontecimentos não são exclusivos do presente. Em 1941, ocorreu uma enchente causada por fortes chuvas que inundaram também a cidade de Porto Alegre, enquanto no Pantanal, o rio Paraguai, principal rio do bioma, passava por um período de seca. Ambos os eventos estão relacionados.
“O fenômeno da chuva em questão [1941] foi semelhante ao de 2024, onde um sistema de alta pressão no centro-oeste e sudeste bloqueou a frente fria vinda do Pacífico e dos Andes, causando chuvas intensas no sul do país, embora menos que em 2024”, diz Carlos Nobre, climatologista e conselheiro do BNDES.
As ações humanas aumentam as chances de novas tragédias climáticas. “Esses fenômenos climáticos sempre aconteceram, mas com a atividade humana e o aquecimento do planeta, esses eventos ocorrerão com maior frequência, podendo bater mais recordes”, finaliza Nobre.
O Pantanal enfrentou uma grande crise hídrica na década de 1960, mas antes disso houve um período de seca no final da década de 1930. Não é possível determinar como essa seca influenciou o ritmo das queimadas, pois houve medição.
De 1º de janeiro a 23 de junho, foram detectadas 3.262 queimadas no Pantanal, um aumento de mais de 22 vezes em relação ao mesmo período do ano anterior.
A estação seca está apenas começando e o maior número de incêndios tende a ocorrer entre agosto e outubro, com pico em setembro.
Mesmo assim, o Pantanal teve mais queimadas do que em 2020, quando foram registradas 2.534 queimadas no mesmo período. Naquele ano, os incêndios consumiram um terço da área do bioma, resultando na morte de mais de 17 milhões de animais vertebrados.
A região do Pantanal é ocupada por fazendas de pecuária que utilizam o manejo do fogo para viabilizar novas pastagens. “No Pantanal o ponto forte é a pecuária, há pelo menos mais de dois séculos de registros de atividade ali e o fogo é uma técnica de manejo para limpar a pastagem”, diz Carlos Padovani, pesquisador da Embrapa Pantanal.
Ações governamentais
O governo de Mato Grosso do Sul promoveu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (27), para combater a desinformação, com a participação de membros do governo federal.
“Estamos em uma situação grave, considerada ‘rara’ pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) porque vivíamos um processo que só aconteceu em 1941. Todas as condições neste momento são piores que as de 2020, mas temos ainda não atingiu o ponto crítico, previsto para ocorrer em agosto e setembro”, concluiu Jaime Verruck, secretário de Estado do Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação.
A prática de “queima controlada” para manejo, seja para pastagem ou qualquer cultura, em áreas da Amazônia, Cerrado e Pantanal é proibida e será criminalizada, pelo menos até os últimos meses do ano, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
A ministra do ministério, Marina Silva, esteve no estado de Mato Grosso dos Sul na última sexta-feira (28) para dar entrevista coletiva sobre as operações contra incêndios no local. O evento também contou com a presença de Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento.
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