A Polícia Militar de São Paulo realiza operação nesta quinta-feira (27), na região de Paraisópolis, zona sul da capital.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, a “Operação Impacto” está sendo realizada por meio do 5º Batalhão de Choque e apoio do Canil com o objetivo de combater o tráfico de drogas na região. Segundo o ministério, esta é uma ação rotineira.
Durante a ação, os agentes localizaram, com a ajuda do Cão Policial K-9 Thor, armas de fogo e dois sacos pretos com drogas e facas dentro de uma residência. Segundo a SSP, o infrator foi levado ao 2º DP de Carapicuíba.
Em um vídeo gravado por moradores da região é possível ver a movimentação dos militares na comunidade. Veja abaixo:
A CNN recebeu relatos de moradores da comunidade que se manifestaram sobre a operação realizada pela PM. Em áudio, um deles pede ajuda aos demais moradores para fiscalizar a movimentação dos policiais na região. Ele então afirma que a ação é “abusiva” e que acontece “sem motivo”.
Outro morador também se pronunciou: “Colocaram armas e ‘como uma lanterna’ na cara das pessoas. Eles entraram na casa de uma mulher com o cachorro logo pela manhã. Ela e os meninos ficaram até assustados”, disse ela.
O ministério afirma que a operação ainda está em andamento. A ação acontece um dia antes de policiais envolvidos na morte de nove pessoas em Paraisópolis passarem por audiência judicial.
Massacre em Paraisópolis
A audiência de defesa dos policiais militares no caso do Massacre de Paraisópolis, ocorrido em 2019, acontecerá nesta próxima sexta-feira (28), a partir das 10h, no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães.
O massacre de Paraisópolis aconteceu na madrugada do dia 1º de dezembro de 2019, no baile DZ7. A polícia entrou na comunidade e cercou um quarteirão onde ocorria o maior fluxo de pessoas. Durante a ação foram utilizados gás lacrimogêneo e bombas de gás de atordoamento, além de balas de borracha, golpes de cassetete e rajadas de gás de pimenta.
Em decorrência das ações policiais, começou a ocorrer um tumulto e parte da multidão correu para um beco. Neste momento, segundo relatos, os moradores foram encurralados pela Polícia Militar. Na ação, nove jovens, com idades entre 14 e 23 anos, foram mortos.
A primeira audiência de custódia do caso foi realizada em julho do ano passado, quando 13 réus foram julgados. Após a audiência, outra foi marcada para dezembro de 2023 para definir se iriam ou não ao júri popular.
Na época, o CNN contatou as defesas de oito dos réus que informaram que mantinham a mesma posição desde o início dos trabalhos. Segundo advogados, não há ligação entre a conduta dos policiais e as mortes.
Atividades da PM em Paraisópolis
Em abril deste ano, uma ação de policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, deixou uma pessoa morta. Segundo a Polícia Militar, a ocorrência começou após denúncia de que dois homens em uma motocicleta cometeram um assalto e fugiram em direção à comunidade.
Na época, a SSP-SP afirmou que, ao perceber a aproximação da polícia, os motociclistas tentaram fugir, mas caíram. Ambos correram e tentaram se esconder, mas um deles foi encontrado e, ao ser abordado, teria apontado uma arma para a equipe policial, que disparou.
Outro caso, ocorrido no mesmo mês, diz respeito ao menino Kauã Veríssimo Félix, de 7 anos, que foi ferido na cabeça durante uma ação de agentes militares que patrulhavam a comunidade quando foi baleado por suspeitos em um beco. Segundo a SSP-SP, a polícia reagiu e os indivíduos fugiram. Após a ação, foi constatado que a criança apresentava traumatismo cranioencefálico.
No início deste mês, um homem morreu após tentar desarmar um agente militar durante um ataque policial na comunidade. Segundo a Polícia Militar, na tentativa de conter o agressor, o homem teria tirado a arma de um dos policiais e depois disparado contra os dois policiais, que foram atingidos. Um dos policiais, apesar de ferido, conseguiu sacar a arma e atirar no agressor, que foi baleado e caiu ferido no chão.
*Sob supervisão de Bruno Laforé
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