O número de queimadas no Pantanal nos primeiros meses deste ano chegou a 1.026, um aumento de 980% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número representa o maior registrado desde 2020, quando o bioma sofreu os maiores incêndios de sua história.
Mesmo no final do período chuvoso, a região não atingiu o período de maior risco de incêndios, que geralmente ocorrem a partir de julho, com pico nos meses de agosto e setembro.
“O mais preocupante é que mesmo no período chuvoso tivemos esse aumento de focos de calor”, Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida, no Mato Grosso, destacando um dos piores inícios de ano do ano. pontos quentes desde o início da série histórica em 1998.
Silgueiro alerta ainda que a região deverá passar por mais uma seca extremamente forte este ano, após o período chuvoso ter tido uma precipitação média 60% abaixo da média, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Novos registros
Os novos recordes de focos de incêndio ocorrem após uma explosão de incêndios no final de 2023. Embora o início do ano passado tenha sido o esperado, os efeitos do El Niño no segundo semestre atrasaram a estação chuvosa e levaram a uma explosão de incêndios em novembro, quando já deveria estar chovendo. Foram registrados 4.134 surtos quando a média do mês é de 584.
“Temos um cenário de chuvas abaixo da média no verão. Os meses de maior risco foram agosto e setembro, mas novembro do ano passado foi um mês atípico, houve muitos incêndios e este ano já superou 2020 em quantidade de área queimada nos primeiros meses do ano”, explica Felipe Augusto Dias, diretor técnico da ONG SOS Pantanal.
A previsão para o segundo semestre é de nova seca extremamente forte, com os rios da região já bem abaixo das médias históricas. Segundo dados do Centro de Hidrografia da Marinha, a medição do rio Paraguai na cidade de Ladário (MS), no dia 3 de junho, indicou altura de 1,40 metros. Em 2023, estava em 3,55 metros.
A falta de chuvas deixa a vegetação mais seca, a baixa dos rios diminui a área de inundação no Pantanal, o que também deixa a terra mais seca e propensa a incêndios. Dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostram que a área queimada em 2024 já é maior que a área queimada no mesmo período de 2020.
“Seca terrível”
Na quarta-feira, em entrevista no Palácio do Planalto, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alertou para o que chamou de “seca terrível” no Pantanal este ano, e para o risco de graves incêndios causados por matéria orgânica acumulada.
“O que estamos trabalhando no Pantanal são as consequências desses eventos climáticos relacionados aos fenômenos naturais. Não conseguimos a cota de cheia do Pantanal. A Agência Nacional de Águas (ANA), no dia 13, apurou situação hídrica crítica em toda a bacia do rio Paraguai. É a primeira vez que isso acontece”, disse o ministro.
Entre os decretos assinados nesta quarta-feira, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, está um pacto com governadores do Pantanal e da Amazônia Legal para combate às queimadas, já prevendo os riscos para este ano. O governo de Mato Grosso do Sul declarou estado de emergência ambiental.
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