A Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) tem maior presença nas áreas dominadas pelo tráfico de drogas do que naquelas controladas pela milícia na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. É o que afirma uma pesquisa do Instituto Fogo Cruzado em parceria com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF).
Segundo a pesquisa, 85,6% das áreas dominadas pelo tráfico de drogas registraram algum conflito. Se comparado às áreas sob controle das milícias, o número cai para 61,4%. Estes embates apontam, sobretudo, para a presença do Estado nestas regiões.
A pesquisa mostra que em 59,5% dos territórios dominados por grupo armado, nos quais foram registrados confrontos, houve presença policial, assim, quase metade de todos os conflitos mapeados no Grande Rio tiveram a presença da polícia, cerca de 49% de eles.
“O domínio territorial das facções do tráfico e a atuação da polícia são dois fatores que deixam os territórios mais expostos a conflitos. Esses conflitos estão distribuídos de forma desigual entre as áreas de tráfico de drogas e milícias, mas também pela própria região metropolitana”, afirma o coordenador do GENI, Daniel Hirata.
Para a realização deste levantamento foram considerados dados de tiroteios e operações entre 2017 e 2023 do Fogo Cruzado, GENI, Disque Denúncia e também dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) entre 2017 e 2022.
O relatório cria um mapa dos conflitos decorrentes do controle territorial armado na região metropolitana do Rio de Janeiro e aponta que 40,2% dos tiroteios mapeados em ações ou operações policiais ocorreram em áreas de tráfico de drogas. Esse número é 10 vezes menor quando se analisam as áreas de milícias, respondendo por 4,3% dos tiroteios.
A região metropolitana do Rio de Janeiro registra alta frequência de confrontos, mas, como destaca Hirata, esses conflitos não atingem toda a região e não ocorrem com a mesma intensidade em todas as localidades.
“É verdade que vivemos num estado que registra níveis inaceitáveis de confrontos, mas nosso estudo mostra que menos da metade dos bairros da região metropolitana registraram confrontos em 2022”, confirma Maria Isabel Couto, diretora de dados e transparência do Instituto Fogo Cruzado.
No período analisado, 65,1% dos bairros registraram algum tipo de confronto territorial, mas em média, a cada ano, menos da metade dos bairros são afetados por esse tipo de violência (mínimo registrado em 2022, 41,5%, e máximo em 2018). , 50,9%).
Apenas em 3,7% das áreas dominadas por um grupo armado no Grande Rio foram detectados confrontos intensos e regulares, apontando para problemas hiperlocalizados de violência crônica.
Posicionamento da Polícia Militar do Rio de Janeiro
Em nota, a assessoria de imprensa da PM do Rio de Janeiro informou que suas ações são previamente planejadas de acordo com as “manchas criminosas” locais.
“Entre os principais objetivos do atual comando da corporação estão o combate direto aos grupos criminosos organizados, que promovem disputas territoriais na região metropolitana e interior do Estado, bem como o combate aos roubos e crimes nas ruas, visando aumentar a sensação de segurança da população em geral”, diz a nota.
A corporação destacou as quedas nas taxas de letalidade policial alcançadas em 2024 e destacou que “a opção pelo confronto é um comportamento dos criminosos, que promovem ataques temerários com armas de guerra não só contra as forças de segurança do Estado, mas também contra toda a sociedade”.
A PM informou que, de janeiro a maio de 2024, já prendeu mais de 4,4 mil pessoas e apreendeu mais de 1,9 mil adolescentes infratores. Segundo a corporação, a maior parte deles estava ligada a organizações criminosas que atuavam no Rio de Janeiro.
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