A organização criminosa que desviou dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço de vários jogadores de futebol roubou R$ 2,3 milhões de Paolo Guerrero, ex-jogador do Corinthians, Flamengo e Internacional.
O delegado da Polícia Federal, Caio Porto Ferreira, da força-tarefa da Caixa Econômica Federal, conversou com CNN sobre a operação Agentes Falsos.
Na última terça-feira (28), a PF deu início à fase ostensiva do inquérito que cumpriu seis mandados de busca e apreensão na Grande São Paulo.
Segundo o delegado, a quadrilha tinha como foco atletas e estrangeiros de alto valor no caso do futebol.
Isso porque jogadores de outros países, após jogarem no Brasil e partirem para outro país, não souberam ou esqueceram de suas reservas de FGTS. “Os fraudadores monitoraram essas contas, dando prioridade àquelas com maiores saldos.” O representante da PF afirma que o valor desviado de Guerrero foi o maior entre os jogadores roubados.
Ao obter os documentos originais dos jogadores, os fraudadores criaram documentos falsos para entrar no FGTS. Utilizaram então os documentos falsificados para abrir contas em outras instituições bancárias, a fim de receber o repasse desses recursos.
“Os criminosos foram divididos em três grupos: um era responsável pela obtenção de documentos, outro mantinha contato com profissionais de futebol e um terceiro mantinha contato com profissionais bancários, aproveitando sua proximidade para abrir contas e cadastrar aplicativos”, explica o delegado.
A investigação constatou que três alvos principais tinham laços estreitos com atletas em atividade no Brasil e empresários do futebol. “Falsos empresários usaram a proximidade para obter documentos, enganar atletas e acessar contas do FGTS”, detalha.
Após a denúncia dos jogadores, segundo o delegado, os autores do crime procuraram as vítimas para tentar a devolução dos valores, ainda que parcialmente.
Alguns atletas já se manifestaram tanto pela Caixa quanto pela Polícia Federal. Porém, o delegado destaca que os jogadores se apresentam para ajudar nas investigações.
A Caixa Econômica Federal informou ao CNNem nota, que “as informações relativas aos casos investigados na operação são confidenciais, sendo repassadas apenas às autoridades policiais e de controle, considerando o risco de comprometer as investigações criminais em andamento”.
Guerrero descobriu o roubo há dois anos
O advogado de Guerrero, Claudio Leite Pimentel, disse CNN em nota que o jogador peruano percebeu o saque indevido de seu Fundo de Garantia no dia 8 de junho de 2022, quando foi fazer um saque em Porto Alegre, RS.
O gerente da agência da Caixa Econômica onde estava hospedado informou que seu FGTS já havia sido sacado há um mês (maio de 2022). A ocorrência foi registrada na Polícia Federal no dia seguinte, 9 de junho, dando início às investigações.
No dia 10 de junho, o atleta foi procurado por seu ex-motorista em São Paulo, que disse saber do saque indevido e que os criminosos queriam a devolução de parte do valor.
No mesmo dia, Pimentel conversou com o advogado que recebeu a procuração com assinatura falsa de Guerrero para saque do FGTS. Segundo o advogado, “foram momentos de muita tensão, pois se trata de criminosos”.
Os representantes de Guerrero também contataram advogados do Banco Santander onde, segundo Pimentel, foi aberta indevidamente uma conta em nome do jogador com documentos falsificados, por meio da qual os golpistas sacaram o valor da Caixa Econômica e transferiram para as contas dos criminosos.
Após sua equipe jurídica abrir procedimento administrativo contestando o saque indevido do FGTS, a CEF depositou o valor sacado na conta do Fundo Garantidor Guerrero, cerca de seis meses depois, após “muita insistência e ameaças”.
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