Durante entrevista coletiva realizada neste domingo (2), advogados que representam familiares do ex-Boi Garantido Djidja Cardoso negaram a existência de seita ou a prática de rituais realizados por seus clientes.
Segundo a polícia, a investigação já recolheu indícios que apontam para um esquema ilegal que envolvia uma seita familiar, um salão de beleza e uma clínica veterinária. Os indícios sugerem que a ex-senhora fazia parte deste tipo de grupo religioso, denominado “Pai, Mãe, Vida” que a chamava de “Maria Madalena”. Seu irmão, Ademar, seria “Jesus” e sua mãe, a figura de “Maria”. A defesa afirma que tudo isso foi resultado de alucinações causadas pelo uso contínuo de cetamina, uma espécie de anestésico.
A advogada Lidiane Roque afirmou que a mãe de Djidja Cardoso, Cleusimar, chegou a lhe oferecer a substância. “Tomo a liberdade de dizer que ela [Cleusimar] ele até me ofereceu. Mas nunca houve coerção, nunca houve obrigação. Respondi da mesma forma que todos que questionei. Eu respondi: ‘Não estou interessado, mas agradeceria’.
Segundo o advogado, Djidja, Cleusimar e Ademar ficaram viciados em drogas e “perderam o controle”.
Ainda durante a entrevista coletiva, a defesa falou sobre os materiais apreendidos pela polícia em uma das unidades de salão de beleza da família. Na sexta-feira (31), o delegado Cícero Túlio, que lidera parte das investigações, afirmou que foram encontradas seringas “prontas para uso” durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão nessas localidades, junto com doses de cetamina.
Segundo a defesa, as seringas continham produtos utilizados em salões de beleza, como shampoo e condicionador. Além disso, os advogados negaram que as unidades da rede de salões fossem utilizadas para armazenamento ou consumo de drogas.
“A família Cardoso usava drogas em casa, daí o isolamento. Todo mundo sabe que é um dos sintomas, a necessidade do viciado se isolar, porque é só isso que ele quer fazer. Testemunhei Djidja nem mesmo saindo da sala. Que ritual é esse onde as pessoas estão isoladas?”, disse Lidiane.
Segundo a investigação policial, há diversas acusações contra o irmão de Djidja, Ademar Farias Cardoso Neto. Ele teria sido responsável pelo estupro, cárcere privado, sequestro e aborto de uma namorada, que também estava envolvida nas ações da seita “Pai, Mãe, Vida”.
A respeito disso, a defesa ressalta que a prova testemunhal seria questionável. “As pessoas que foram à delegacia fazer a denúncia estão muito envolvidas emocionalmente. E alguns deles são dependentes químicos. Quando uma pessoa usa este medicamento por muito tempo [ketamina], os efeitos não duram apenas 40 minutos. Eles duram dias e dias. Não se sabe em que condições essas pessoas prestaram depoimento”, afirmou a advogada Nauzila Campos.
No total, cinco pessoas foram presas e são investigadas por participação no esquema. Os advogados dizem que a prisão salvou suas vidas. “Se esta operação tivesse sido lançada há algumas semanas, Djidja estaria vivo. Ela estaria presa, mas estaria viva. Então, reconhecemos a função social desta operação”, pontuou Nauzila.
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