Os sul-africanos votam esta quarta-feira (29) nas eleições mais concorridas desde o fim do apartheid, com sondagens de opinião a sugerirem que o Congresso Nacional Africano (ANC) poderá perder a maioria parlamentar após 30 anos no governo.
Filas se formaram nas cidades de Joanesburgo, Cidade do Cabo e Durban quando a votação começou, por volta das 7h, horário local, com filas também observadas na manhã fria em locais na periferia das cidades e em áreas rurais.
“Quero ver mudanças na África do Sul”, disse Bongile Mkunqa, 53 anos, um homem desempregado que foi votar em Langa, o bairro negro mais antigo da Cidade do Cabo.
“Precisamos conseguir mais empregos. Não estou me sentindo feliz agora porque estou lutando. O ANC está no comando do país há muito tempo, mas a situação não mudou.”
Os eleitores nas assembleias de voto em todo o país citaram as elevadas taxas de desemprego e de criminalidade, os frequentes apagões de poder e a corrupção nas fileiras do ANC como razões pelas quais votariam nos partidos da oposição, mas outros estavam cautelosos relativamente à medida.
“Desde que a votação começou (em 1994), só votei num partido, o ANC”, disse Charles Louw, 62 anos, um reformado que votava em Alexandra, uma extensa cidade a leste de Joanesburgo.
Ele disse não confiar nas promessas feitas pelos partidos da oposição de criar empregos, acabar com os cortes de energia ou reprimir o crime.
“A ANC tem tentado fazer isso, eles estão lá, têm experiência, sabem acomodar tudo. Mas os novos partidos, por onde vão começar?”, disse.
Na altura liderado por Nelson Mandela, o ANC chegou ao poder nas primeiras eleições multirraciais da África do Sul, em 1994, e desde então obteve a maioria nas eleições nacionais realizadas de cinco em cinco anos, embora a sua percentagem de votos tenha diminuído gradualmente.
Se não atingir 50% desta vez, o ANC terá de fazer um acordo com um ou mais partidos mais pequenos para governar – águas desconhecidas e potencialmente turbulentas para uma jovem democracia que até agora tem sido dominada por um único partido.
O ANC ainda está no bom caminho para obter o maior número de votos, o que significa que o seu líder, o Presidente Cyril Ramaphosa, deverá permanecer no cargo, a menos que enfrente um desafio interno se o desempenho do partido for pior do que o esperado.
Mais de 27 milhões de sul-africanos estão registados para votar em mais de 23 mil assembleias de voto localizadas em escolas, centros desportivos e até numa funerária em Pretória. A votação segue até às 21h, horário local (16h, horário de Brasília).
Compartilhar: