A campanha de vacinação contra a poliomielite começou no domingo (1º) na Faixa de Gaza, enquanto mais de dois milhões de pessoas no enclave palestino ainda enfrentam uma grave crise humanitária devido ao conflito em curso entre o Hamas e Israel.
A campanha começou no centro de Gaza, incluindo a cidade de Deir al-Balah e os campos de refugiados de al-Nuseirat, al-Maghazi e al-Bureij. A segunda fase está marcada para quinta-feira (5) em Khan Younis, no sul de Gaza, com a imunização no norte de Gaza prevista para o início da próxima semana.
O Ministério da Saúde palestino, em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados Palestinos no Oriente Próximo (UNRWA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), estabeleceu centros de vacinação em hospitais, clínicas, escolas e abrigos.
As Nações Unidas entregaram 1,2 milhões de doses de vacina oral contra a poliomielite, destinadas a aproximadamente 640 mil crianças. Cada criança, do nascimento aos 10 anos, receberá duas doses.
“Criámos 40 locais fixos de vacinação e alguns locais móveis em Deir el-Balah e outras áreas no centro de Gaza. Os locais fixos de vacinação funcionarão constantemente, enquanto os móveis serão criados com base na densidade populacional de áreas específicas.” disse Ibrahim Abu, responsável pela campanha de vacinação no centro de Gaza.
Israel e o Hamas concordaram em parar os combates em Gaza para que a vacinação pudesse ocorrer. No entanto, Israel recusou-se a implementar um cessar-fogo completo, confirmando apenas um corredor humanitário para o pessoal de vacinação e áreas seguras designadas para a administração de vacinas durante determinados períodos.
Israel continuou seus ataques aéreos contra Gaza no domingo.
Alguns residentes em Gaza não ousaram ir aos locais de vacinação até estarem seguros. Acusaram Israel de destruir as suas vidas e o sistema médico do enclave, o que contribuiu para a propagação da poliomielite e de outras doenças que poderiam destruir o futuro de Gaza.
“A vacinação é muito importante para o meu filho. Pode prevenir a infecção pelo vírus e diminuir a taxa de contração da poliomielite. É necessário vacinar as crianças não só contra a poliomielite, mas também contra outros tipos de doenças, porque as condições de vida em Gaza estão a piorar cada vez mais”, disse Akram Abu Abdul, um residente de Gaza.
A campanha de vacinação surge depois de o primeiro caso de poliomielite em 25 anos ter sido notificado em Gaza no mês passado. Hassan Zakat, outro residente da região, apelou a mais ajuda humanitária para prevenir desastres médicos em Gaza.
“Sob o longo cerco das forças israelitas, Gaza é extremamente carente de medicamentos e outros fornecimentos médicos, com quase todas as instituições médicas destruídas. À luz da propagação da epidemia em Gaza, penso que o esforço actual não é suficiente. Precisamos de mais apoio internacional”, disse ele.
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