A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, apresentou o seu plano económico num comício na Carolina do Norte centrado na classe média.
As propostas de Kamala baseiam-se em grande parte nas medidas económicas de Joe Biden, revivendo ou expandindo projetos temporários que os democratas aprovaram quando o partido controlava o Congresso.
Kamala está a tentar vender uma série alargada de propostas progressistas com uma mensagem mais voltada para o futuro – uma mensagem que promete fortalecer a classe média e enfrentar as grandes corporações que ela diz serem responsáveis pelo aumento dos custos.
As novas propostas de Kamala exigiriam a aprovação do Congresso – e ela não especificou como pagaria a sua dispendiosa lista de desejos numa altura em que a dívida federal está a aumentar rapidamente.
Veja as principais propostas econômicas de Kamala:
Foco na classe média
A democrata disse que o “objetivo definidor da sua presidência” seria construir o que chamou de “economia de oportunidades” para a classe média.
“Como presidente, o meu foco será a criação de oportunidades para a classe média que promovam a segurança económica, a estabilidade e a dignidade. Juntos, construiremos o que chamo de ‘economia de oportunidades’.”
Kamala explicou o termo, dizendo que é “uma economia onde todos podem competir e ter uma chance real de sucesso. Todos, independentemente de quem sejam ou de onde venham, têm a oportunidade de construir riqueza para si e para os seus filhos.”
A agenda do vice-presidente inclui um plano económico para cortar impostos para mais de 100 milhões de americanos de classe média e de baixos rendimentos.
Com a inflação e o custo de vida entre as principais preocupações dos eleitores, a equipa do Democrata planeou os primeiros passos da administração em políticas que tentam abordar directamente essas preocupações.
Entre as propostas está um plano para restaurar o crédito fiscal ampliado de US$ 3.600 por criança do Plano de Resgate Americano, uma proposta que a Tax Foundation estimou que custaria US$ 223 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) nos próximos 10 anos.
Este plano proposto para pagar por créditos fiscais ampliados aumenta a alíquota de impostos sobre empresas e pessoas físicas que ganham mais de US$ 400 mil (cerca de R$ 2 milhões).
Custo de habitação
Uma das principais políticas de Kamala é ajudar a tornar a habitação mais acessível.
O plano, que se baseia em propostas já anunciadas pelo presidente Joe Biden, promete:
- Até US$ 25 mil (cerca de R$ 136 mil) destinados à entrada para quem comprar a primeira casa.
- Fornece crédito fiscal de US$ 10 mil (cerca de R$ 54 mil) para compradores de primeira viagem.
- Incentivos fiscais para construtores que realizam projetos para compradores de primeira viagem.
- Ampliar o incentivo fiscal para a construção de moradias populares.
- Novo fundo de inovação de 40 mil milhões de dólares para estimular a construção de habitações inovadoras.
- Reutilize algumas terras federais para moradias populares.
- Eliminar benefícios fiscais para investidores que compram um grande número de casas para alugar.
Embora economistas e analistas políticos tenham aplaudido alguns dos planos para ajudar os consumidores, muitos temem que partes do projeto de lei de Kamala irão agravar os problemas no mercado.
A proposta de assistência para pagamento inicial e créditos fiscais poderia potencialmente alimentar a demanda e preços mais altos, disse Lanhee Chen, diretora de estudos de política interna do Instituto Hoover da Universidade de Stanford.
Kamala também prometeu construir 3 milhões de casas acessíveis para a classe média até ao final do seu primeiro mandato.
“Como presidente, trabalharei em parceria com a indústria para construir as casas que necessitamos, tanto para alugar como para comprar. Vamos quebrar barreiras e desburocratizar, inclusive nos níveis estadual e local”, afirmou o vice-presidente.
Taxas de gorjeta
Tal como Donald Trump, Kamala Harris quer atrair votos dos trabalhadores dos serviços e da hotelaria, prometendo eliminar os impostos sobre as gorjetas.
Kamala prometeu na semana passada acabar com o imposto de renda federal sobre gorjetas em um comício em Las Vegas. As gorjetas continuariam sujeitas a impostos sobre a folha de pagamento.
Mas a proposta ainda apresenta lacunas, que nem o vice-presidente americano nem Trump deixaram claras aos eleitores.
Inflação
A inflação é a principal crítica de Donald Trump à administração Biden-Harris.
O vice-presidente, no entanto, tentou defender as políticas do governo democrata e destacou a força da economia dos Estados Unidos hoje, dizendo que foram as políticas do governo Biden-Harris que recuperaram “uma das piores crises económicas da história moderna”.
“Portanto, nosso país percorreu um longo caminho desde que o presidente Biden e eu assumimos o cargo”, disse Kamala.
Relembrando a pandemia da COVID-19, Kamala disse: “Enfrentávamos uma das piores crises económicas da história moderna e hoje, em praticamente todas as medidas, a nossa economia é a mais forte do mundo.”
Preço dos alimentos
A vice-presidente Kamala Harris disse que aprovaria a primeira proibição federal à manipulação de preços no setor alimentar se for eleita presidente.
“Como presidente, assumirei os custos elevados que mais importam para a maioria dos americanos, como o preço dos alimentos”, disse Kamala.
“Todos sabemos que os preços subiram durante a pandemia, quando as cadeias de abastecimento foram encerradas e falharam. Mas as nossas cadeias de abastecimento melhoraram e os preços ainda são muito elevados”, destacou Kamala.
O vice-presidente destacou o custo de itens como pão e carne moída. Ela disse que os grandes fabricantes de alimentos estão vendo seus lucros aumentarem, mas há algumas redes de supermercados que não repassaram as economias aos clientes.
Harris disse que tomaria medidas contra aqueles que não “seguissem as regras”.
Com informações da CNN
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