Os Estados Unidos adotaram uma postura de “distanciamento cauteloso” em relação à Venezuela, especialmente desde as últimas eleições, segundo o analista internacional da CNN Fernanda Magnotta. Esta abordagem é influenciada principalmente pelo contexto eleitoral americano e pelas suas implicações para a política externa.
Magnotta explica durante o CNN 360° que a estabilidade regional e os seus efeitos sobre os Estados Unidos são factores cruciais neste momento.
“Temos no top 3 da agenda eleitoral deste ano, para as eleições presidenciais americanas, a questão da imigração”, afirma o especialista.
A instabilidade na Venezuela é apontada como um dos factores que impulsionam as ondas migratórias em direcção aos Estados Unidos, afectando directamente a fronteira sul do país.
Este cenário coloca o governo Biden numa posição delicada, procurando equilibrar as críticas ao regime de Maduro com a necessidade de não agravar a situação migratória, descrita por Magnotta como um “calcanhar de Aquiles” da atual administração.
O analista destaca que, embora os EUA tenham criticado o regime venezuelano e demonstrado apoio à oposição, a situação atual exige uma abordagem mais cautelosa.
“Os americanos não são neutros nesta posição, é claro que têm lados, mas estão a tentar gerir esta ação com base nas suas circunstâncias de curto prazo”, observa.
Brasil como mediador regional
Neste cenário, o Brasil surge como um ator importante, assumindo um papel de liderança regional nas negociações envolvendo a Venezuela.
Magnotta destaca que esta situação é conveniente para os Estados Unidos: “Os americanos, como me disse recentemente um diplomata, estão deixando o trabalho sujo, por assim dizer, para estes países que têm interesses regionais muito importantes no Cone Sul”.
O especialista conclui que esta triangulação acaba por beneficiar os Estados Unidos, permitindo ao país manter uma posição de observador atento, delegando a responsabilidade de gerir o diálogo direto com a Venezuela a outros atores regionais.
Essa estratégia não é inédita, segundo Magnotta, que lembra que o Brasil ocupou posições semelhantes no passado, atuando como líder sub-regional em momentos críticos.
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