O Conselho de Auditores da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniu nesta quarta-feira (24) para formalizar o início do mandato do Brasil no órgão, que até então era composto por China, Chile e França. A partir de agora, o Brasil ocupará o lugar do Chile.
O presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Bruno Dantas, participou da transferência da vaga na sede da ONU, em Nova York. Pelos próximos seis anos, o Brasil será responsável por realizar a auditoria externa das finanças das Nações Unidas, incluindo fundos monetários, programas e missões de paz. O objetivo é garantir a eficiência da gestão financeira e fazer recomendações para melhorar a utilização dos recursos em programas e missões de paz em todo o mundo.
“O Brasil é membro da ONU desde a sua fundação. Porém, nestes quase 80 anos, o Brasil nunca ocupou assento em um órgão central, no seio da ONU, como o Conselho de Auditores. Para nós do Tribunal de Contas da União, que representamos o Brasil, é, ao mesmo tempo, uma honra e um privilégio, porque teremos a oportunidade de conhecer por dentro esta, a maior organização multilateral do planeta, ”Dantas disse CNN.
Durante a reunião, fechada à imprensa, o presidente do TCU apresentou os planos de fiscalização da gestão para os próximos seis meses. No total, o Brasil tem 10 frentes de trabalho agendadas neste período – e já tem a primeira missão marcada para o final deste mês de julho. A estreia do Brasil à frente do conselho será em missão de paz da ONU em Kosovo, entre 24 de julho e 7 de agosto, quando uma equipe do TCU vai a Pristina, capital do país. A delegação pretende recolher dados para um relatório sobre as ações humanitárias da ONU na região.
“Três das maiores missões da ONU serão auditadas pelo Brasil: Chipre, Líbano e Kosovo. É nestas missões de paz que muitos recursos são canalizados porque a ajuda humanitária segue este caminho. E também todo o apoio que a organização dá às pessoas destes países, que têm alguma situação de conflito, a remuneração dos soldados. Tudo isso é feito com base nesses recursos e é esse o escopo da auditoria que vamos fazer”, explicou.
O mandato do Brasil no Conselho de Auditores das Nações Unidas consolida a busca por mais espaço no cenário internacional e nas bancadas de liderança da ONU. Em 2022, Bruno Dantas fez um pedido oficial ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) para apresentar a candidatura do TCU ao Tribunal do Conselho de Contas das Nações Unidas. Em 2023, funcionários do TCU participaram de programas de intercâmbio e reuniões técnicas no Chile e na França. Em novembro, o Brasil foi eleito para o Conselho Fiscal da ONU.
Reunião com chefe da ONU
Além da sessão realizada com o Conselho Fiscal, o Ministro Bruno Dantas também se reuniu com o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, onde apresentou os avanços da plataforma brasileira ClimateScanner. O projeto, que recebeu apoio de Guterres, foi uma iniciativa inédita do Brasil para reunir Instituições Superiores de Controle (ISC) em uma auditoria global sobre políticas de mudanças climáticas. No total, 127 países já adotaram a plataforma, que também visa dar mais poder aos cidadãos para que possam monitorizar as ações e políticas governamentais em todo o mundo contra as alterações climáticas.
“É um painel que pode ser aberto em qualquer celular de qualquer cidadão, de qualquer lugar do mundo, eles podem escolher os países que querem ver, as ações desses países e saber em tempo real qual é o nível de maturidade, o progresso do seu país nesse item. Para conseguir isso, estruturamos o ClimateScanner em três eixos principais. Primeiro: políticas públicas; segundo: governação; e terceiro financiamento”, disse.
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