O presidente Lula falou nesta segunda-feira durante a cúpula do Mercosul, em Assunção, no Paraguai.
Em seu discurso, o presidente destacou a tentativa de golpe na Bolívia, levada a cabo no mês passado pelo general do Exército Juan José Zúñiga.
“A reação unânime de 26 de junho na Bolívia e de 8 de janeiro no Brasil mostra que não há atalho para a democracia em nossa região. Mas você precisa permanecer vigilante. Os falsos democratas tentam miná-lo e colocá-lo ao serviço de interesses reaccionários. Enquanto a nossa região permanecer entre as mais desiguais do mundo, a estabilidade política continuará ameaçada.”
O presidente destacou também as recentes derrotas da extrema direita e da ultradireita nas eleições parlamentares no Reino Unido e em França, onde coligações de esquerda conquistaram a preferência dos eleitores na semana passada.
“Ambos são fundamentais para a defesa da democracia e da justiça social contra as ameaças do extremismo”, disse Lula.
O Presidente da República afirmou ainda que é necessário que o bloco atue em conjunto para desenvolver estruturas de Inteligência Artificial e de governação de dados. E pediu aos países membros que se dediquem à construção de um acordo de livre comércio com a China.
Sobre o fim das barreiras alfandegárias entre o Mercosul e a União Europeia, Lula atribuiu aos líderes europeus o impasse nas negociações do tratado.
“Só não conseguimos concluir o acordo com a União Europeia porque os europeus não conseguiram resolver as suas próprias contradições internas”, disse ele.
Mudanças climáticas
O presidente Lula também afirmou durante a cúpula que os países latino-americanos deveriam liderar a discussão sobre o combate às mudanças climáticas, citando os impactos das secas nos biomas do continente.
“Quero fazer um apelo a um maior envolvimento e ambição climática. (…) Este ano, na COP16 em Cali (que será realizada em novembro), também mostraremos a magnitude da biodiversidade sul-americana. Temos autoridade moral para nos fazermos ouvir e a responsabilidade histórica de dar o exemplo”, afirmou Lula.
Ainda nesta segunda-feira, Lula parte para a Bolívia, onde se reúne com o presidente Luis Arce.
Assinatura de acordos
Além do foco na adesão da Bolívia ao Mercosul, está prevista para esta edição da Cúpula a assinatura de um acordo de complementação financeira e técnica entre o bloco e o Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).
Além disso, deverá ser assinado um acordo de coprodução cinematográfica e audiovisual do Mercosul, além da cooperação para a prevenção de desastres e uma declaração de combate ao crime organizado transnacional.
Nesta cúpula, a presidência temporária do Mercosul, com duração de seis meses, será entregue pelo Paraguai ao Uruguai.
(Em atualização)
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