O Irã realizará um segundo turno das eleições presidenciais no dia 5 de julho, já que nenhum candidato obteve 50% dos votos, informou neste sábado (29) o Ministério do Interior.
A participação nas eleições presidenciais do país atingiu o mínimo histórico de cerca de 40%, com base na contagem do ministério. É o número mais baixo já registado desde a revolução de 1979.
Os primeiros resultados preliminares da votação de sexta-feira mostraram que o único candidato moderado, Massoud Pezeshkian, manteve uma ligeira vantagem sobre o seu adversário linha-dura, o antigo negociador nuclear Saeed Jalili.
Legislador iraniano de etnia azeri, Massoud Pezeshkian é o único candidato moderado aprovado pelo Conselho Guardião para as eleições de 2024 e é apoiado pelo campo pró-reforma.
As suas perspectivas dependem de atrair milhões de eleitores desiludidos que permaneceram em casa nas eleições desde 2020.
Pezeshkian, médico de profissão, foi ministro da Saúde no governo do presidente reformista Mohammad Khatami de 2001 a 2005 e ocupa assento no parlamento desde 2008.
O candidato criticou veementemente a República Islâmica pela sua falta de transparência sobre a morte sob custódia de Mahsa Amini, um jovem curdo iraniano morto em 2022, que desencadeou vários meses de agitação. Pezeshkian foi impedido de participar nas eleições presidenciais de 2021.
Pezeshkian liderou com 10,5 milhões de votos, seguido por Jalili com quase 9,5 milhões, segundo a agência de notícias estatal IRNA. Dos 60 milhões de eleitores elegíveis, 24 milhões votaram, resultando numa participação de 40%, disse Mohsen Eslami, porta-voz da comissão eleitoral.
A morte súbita do Presidente Ebrahim Raisi num recente acidente de helicóptero, juntamente com o Ministro dos Negócios Estrangeiros Hossein Amir-Abdollahian, deixou um vazio de liderança.
Raisi, um leal ao regime de linha dura, era amplamente visto como um dos principais candidatos para substituir o líder supremo do Irão, o aiatolá Ali Khamenei, de 85 anos, que detém a autoridade final sobre todos os assuntos de Estado.
Os candidatos finais foram pré-selecionados pelo Conselho Guardião do Irão, que reporta diretamente a Khamenei.
Aumentando as tensões
As eleições decorreram num momento delicado para a República Islâmica. O país está envolvido em tensões crescentes com Israel e os seus aliados ocidentais, desencadeadas pela guerra em Gaza e pelo avanço do programa nuclear do Irão.
A votação também ocorre apenas dois meses depois de o Irã e Israel terem trocado tiros pela primeira vez, à medida que o conflito em Gaza aumentava. Israel está agora a preparar-se para uma potencial segunda frente com o Hezbollah, o principal representante regional do Irão, no Líbano.
A briga do Irão com os EUA deixou a economia em frangalhos, prejudicada por anos de sanções dos EUA, uma moeda local enfraquecida e uma inflação elevada.
(Com informações de Nadeen Ebrahim e Mostafa Salem de CNN; e Thomas Holdstock da Reuters)
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