O líder francês de extrema direita, Jordan Bardella, tranquilizou os aliados europeus sobre seu compromisso com a Ucrânia e sua disposição de confrontar a Rússia caso se torne primeiro-ministro, nesta segunda-feira (24). No entanto, Bardella também deixou claro que há um limite para o apoio do seu governo a Kiev.
O partido do político francês Reunião Nacional (RN), que os oponentes acusam de ser demasiado brando com a Rússia, está a caminho de obter o maior número de votos nas eleições parlamentares que terão lugar em 30 de junho e 7 de julho e poderá formar o próximo governo da França.
O apoio da França à Ucrânia – firme sob o presidente Emmanuel Macron – levantou preocupações em Kiev e noutras capitais europeias de que poderia enfraquecer dados os sinais contraditórios que o RN tem enviado desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022.
Nos últimos meses, o governo de Macron enviou mísseis de longo alcance que podem atingir o território russo, prometeu aviões de guerra e pediu aos países europeus que enviassem militares à Ucrânia para treinar as suas tropas.
Posição da Reunião Nacional (RN)
O político do partido francês de extrema-direita disse que não pretende “questionar os compromissos assumidos pela França na cena internacional e prejudicar a credibilidade num momento de guerra às portas da Europa”.
Mas, ao contrário de Macron, que tem sido ambíguo sobre até onde Paris poderia ir no seu envolvimento com a Ucrânia, Bardella disse que há uma linha que o seu governo não iria ultrapassar.
“Embora eu seja a favor de continuar a apoiar a Ucrânia com logística e equipamento de defesa, a minha linha vermelha continua a ser os mísseis de longo alcance ou qualquer equipamento militar que possa levar a uma escalada, ou seja, qualquer coisa que possa atingir diretamente as cidades russas”, disse o político francês.
O envio de tropas francesas para a Ucrânia também estaria fora de discussão, segundo Bardella.
Embora Macron continue a ser responsável pela defesa e pela política externa, mesmo com o RN no poder, o actual presidente francês precisaria do apoio do Parlamento para financiar qualquer ajuda à Ucrânia no próximo orçamento.
O RN também poderia bloquear ou atrasar quaisquer futuras transferências de armas, uma vez que necessitam da aprovação do Primeiro-Ministro e dos ministros relevantes.
Como parte do seu pacto de segurança de 10 anos com a Ucrânia, acordado em março, a França disse que fornecerá até 3 mil milhões de euros em ajuda militar à Ucrânia em 2024. No entanto, o acordo ainda não foi ratificado pelo Parlamento.
Na semana passada, Bardella voltou atrás na sua promessa de deixar o comando militar integrado da NATO, dizendo que isso era impensável enquanto a Europa estivesse em guerra.
A posição do partido em relação à Rússia está sob escrutínio porque a sua provável candidata nas próximas eleições presidenciais, Marine Le Pen, expressou no passado a sua admiração pelo presidente russo, Vladimir Putin.
O governo russo há muito que corteja os líderes da extrema-direita europeia e está empenhado em explorar qualquer sinal de divisão no continente que possa enfraquecer o apoio à Ucrânia.
Bardella, porém, reconheceu nesta segunda-feira (24) que a Rússia é uma ameaça.
“Vejo a Rússia como uma ameaça multidimensional tanto para a França como para a Europa”, disse Bardella.
“A Rússia está hoje a desafiar os interesses franceses. Estarei extremamente atento a qualquer tentativa de interferência da Rússia, mas também de quaisquer outros estados ou potências do mundo”, acrescentou.
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