A OTAN, aliança militar ocidental, está preocupada com o apoio que a Rússia poderá fornecer aos programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte, disse o chefe da organização nesta terça-feira (18).
Também esta terça-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, iniciou a sua primeira viagem ao país asiático em 24 anos.
Putin, que manterá conversações com o líder Kim Jong-un, prometeu aprofundar os laços comerciais e de segurança e apoiar o país contra os EUA, um aliado próximo da Coreia do Sul.
Os EUA acusaram a Coreia do Norte de fornecer “dezenas de mísseis balísticos e mais de 11 mil contentores de munições à Rússia” para uso na Ucrânia.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse numa conferência de imprensa conjunta após conversações com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que a guerra da Rússia na Ucrânia está a ser apoiada pela China, Coreia do Norte e Irão, que queriam que a aliança ocidental fracassasse.
“É claro que também estamos preocupados com o possível apoio que a Rússia presta à Coreia do Norte no que diz respeito ao apoio aos seus programas de mísseis e nuclear”, alertou Stoltenberg.
Stoltenberg critica a China
O secretário-geral destacou que estas questões, combinadas com o apoio da China à economia de guerra da Rússia, mostraram como os desafios de segurança na Europa estão ligados à Ásia.
Além disso, acrescentou que a cimeira da NATO, que se realizará no próximo mês em Washington, verá um fortalecimento das parcerias da aliança com a Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Japão.
Stoltenberg destacou que em algum momento será necessário que haja “consequências” para a China.
“Não podem continuar a ter relações comerciais normais com países da Europa e ao mesmo tempo alimentar a maior guerra que vimos na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, ponderou.
Stoltenberg disse, no entanto, que é muito cedo para dizer quais seriam essas consequências, “mas tem de ser uma questão que precisamos de resolver, porque continuar como fazemos hoje não é viável”.
Casa Branca observa relação entre Rússia e Coreia do Norte
Na segunda-feira, o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que os EUA estavam a observar a relação entre a Coreia do Norte e a Rússia “muito, muito de perto”, pois “poderia haver alguma reciprocidade que poderia afectar a segurança na Península Coreana”.
Esta terça-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, destacou em conferência de imprensa que o aprofundamento da cooperação entre os dois países é “uma tendência que deve ser motivo de grande preocupação para qualquer pessoa interessada em manter a paz e a estabilidade na Península Coreana”.
Ela observou que uma declaração de Putin e do líder chinês Xi Jinping após uma reunião em maio enfatizou os meios políticos e diplomáticos como a única maneira de resolver a questão coreana, e acrescentou: “Esperamos que esta seja uma mensagem que Putin transmita a Kim”.
Na conferência de imprensa com Stoltenberg, Blinken sublinhou que a viagem de Putin a Pyongyang é um sinal do seu “desespero” em fortalecer as relações com países que possam apoiar a guerra na Ucrânia.
Ele acrescentou que o apoio da China permitiu à Rússia manter a sua base industrial de defesa, fornecendo 70% das importações de máquinas e ferramentas de Moscovo e 90% da microelectrónica. “Isso tem que parar”, alertou.
Na semana passada, o vice-secretário de Estado dos EUA, Kurt Campbell, disse que o governo dos EUA estava preocupado com o que a Rússia daria à Coreia do Norte em troca das armas fornecidas por Pyongyang.
“Moeda forte? É energia? Serão estas capacidades que lhes permitem desenvolver os seus produtos nucleares ou de mísseis? Nós não sabemos. Mas estamos preocupados com isso e observando com atenção”, comentou.
A principal autoridade de controle de armas dos EUA, a vice-secretária de Estado Bonnie Jenkins, disse acreditar que a Coreia do Norte está interessada em adquirir aeronaves, mísseis terra-ar, veículos blindados, equipamentos ou materiais de produção de mísseis balísticos e outras tecnologias. avanços na Rússia.
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