A Ucrânia rejeitou as condições de cessar-fogo anunciadas pelo presidente russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (14), destacando que são “absurdas” e que o líder russo estava tentando enganar as potências mundiais e minar os esforços genuínos de paz. .
Putin disse num discurso que a Rússia só poria fim à guerra na Ucrânia se Kiev concordasse em abandonar as suas ambições de aderir à NATO, a aliança militar ocidental, e entregar todas as quatro províncias reivindicadas por Moscovo.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia descreveu o caso como “declarações manipulativas destinadas a enganar a comunidade internacional [e] minar os esforços diplomáticos para alcançar uma paz justa”.
“É um absurdo que Putin, que planeou, preparou e executou, juntamente com os seus cúmplices, a maior agressão armada na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, se apresente como um pacificador”, acrescentou o ministério.
Noutra declaração, o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak disse à Reuters que “não havia possibilidade de chegar a um acordo” tendo em conta a declaração de Putin e as condições da Ucrânia para acabar com a guerra.
“Ele está oferecendo à Ucrânia que admita a derrota. Ele está oferecendo à Ucrânia a entrega legal de seus territórios à Rússia. Ele está oferecendo à Ucrânia a renúncia à sua soberania geopolítica”, ponderou Podolyak.
Putin fala sobre plano de paz antes da cimeira
Putin falou na véspera de uma conferência na Suíça, na qual a Ucrânia está a promover o seu próprio plano de paz, apelando à retirada total das tropas russas, incluindo dos 18% das suas terras actualmente ocupadas pela Rússia.
O Kremlin não foi convidado para o evento, que, segundo Kiev, contará com a presença de representantes de mais de 100 países e organizações, incluindo muitos chefes de Estado.
Podolyak sublinhou que Putin está a tentar aproveitar a notícia ao fazer o seu discurso pouco antes da cimeira.
O assessor, que muitas vezes atua como porta-voz do gabinete do presidente, destacou que Moscou também estava tentando apresentar-se ao mundo, e particularmente aos países do “Sul Global”, como o partido mais interessado na paz.
“Através da declaração de Putin, a Rússia está a fazer parecer que não foram eles que iniciaram a agressão… mas como se estivessem a propor a paz e a Ucrânia não a quisesse”, comentou.
Podolyak argumentou que a Ucrânia quer a paz, mas apenas se a Rússia for justamente punida pela sua agressão e a soberania ucraniana for mantida.
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