Uma pesquisa da Talk Inc sugere que um em cada dez brasileiros usa plataformas de inteligência artificial como amigo ou conselheiro desabafar sobre questões pessoais e emocionais e tentar resolvê-las.
Entre os participantes entrevistados foram citadas justificativas como introspecção, ter poucos amigos ou amigos indisponíveis e solidão.
Os dados também mostram que 60% das pessoas conversam em chats de IA de maneira educada – como se estivessem conversando com um ser humano.
Por meio de uma pesquisa online, a empresa entrevistou 1.000 pessoas maiores de 18 anos das cinco regiões do Brasil, sendo integrantes das classes A, B, C, D e E.
Para a sócia e fundadora da Talk Inc, Carla Mayumi, os dados que apontam para o apego emocional dos seres humanos às IAs estão relacionados a um problema maior: o aumento da solidão.
“No Brasil também vemos casos de solidão em pessoas que moram sozinhas, ou mesmo em pessoas que têm pouco tempo para ficar com a família. Isso incentiva a busca por alguém que ouça, que esteja presente o tempo todo, que não julgue, que demonstre empatia, que guarde suas informações e converse com você”, disse Mayumi. “Essas pessoas buscam esse conforto com chats inteligentes.”
A empresa também alerta sobre a questão do “afeto artificial”, que deve ganhar relevância no futuro, à medida que a inteligência artificial se tornar mais utilizada e mais pessoas acabarem desenvolvendo relações emocionais com a tecnologia.
“Casos de afeto mais profundo, como alguém que se apaixona por uma IA, ainda são uma anomalia, mas casos radicais de ‘namoro’ ou ‘casamento’ já estão surgindo à superfície da cultura. O carinho artificial é uma tendência real, mapeada como tendência pela Talk Inc e que seguiremos nos próximos anos. Esta é uma das principais tendências do nosso observatório sobre o futuro da IA”, afirmou Tina Brand, cofundadora da empresa.
Solidão
Em novembro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tornou a solidão uma prioridade de saúde global, criando uma comissão para tratar do assunto.
Nos próximos anos, o grupo concentrar-se-á em formas de enfrentar a “ameaça urgente para a saúde” de uma epidemia global de solidão. Os membros do comitê destacaram o efeito da solidão na saúde física e mental das pessoas.
A solidão e o isolamento social têm sido associados há muito tempo à má função imunológica e a problemas cardiovasculares, como hipertensão, e aumentam o risco de acidente vascular cerebral em 30%. Contribuem também para o declínio cognitivo e estão associados a um aumento de 50% na demência. Pessoas isoladas também tendem a ter hábitos mais pouco saudáveis, como fumar e/ou beber em excesso, além de serem mais sedentárias.
O impacto da solidão na saúde é tão abrangente que um estudo comparou-a a fumar até 15 cigarros por dia.
Muitas pesquisas sobre isolamento social e solidão concentram-se em adultos mais velhos. Os idosos correm maior risco porque vivem sozinhos com mais frequência, perderam mais familiares ou amigos e são mais propensos a problemas físicos, como perda auditiva. Isto pode impedi-los de serem sociais, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
Mas não são apenas os idosos que se sentem solitários. Uma pesquisa realizada em 142 países e publicada no mês passado revelou que quase 1 em cada 4 adultos relatou sentir-se muito ou bastante solitário. As crianças também não estão imunes; alguns estudos descobriram que mais da metade das crianças e adolescentes se sentiam sozinhos pelo menos parte do tempo.
*Com informações da CNN Internacional
Menos da metade dos brasileiros são completamente monogâmicos, diz estudo
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