Na última sexta-feira, a era Cássio no Corinthians chegou ao fim. Depois de mais de 12 anos defendendo o time alvinegro em campo, o goleiro chegou a um acordo amigável e antecipou a rescisão de contrato com o clube. Assim, o jogador ficou livre para assinar por três anos com o Cruzeiro.
A carreira de Cássio no Timão foi marcada por momentos gloriosos que renderam nove títulos e inúmeras histórias brilhantes na carreira do arqueiro. Levantou a Copa Libertadores e o Mundial (2012), o Paulistão (2013, 2017, 2018 e 2019), a Recopa Sul-Americana (2013) e o Campeonato Brasileiro (2015 e 2017).
O camisa 12 encerra esta passagem pelo clube do Parque São Jorge com 712 partidas disputadas. Dessa forma, o ídolo é o segundo atleta que mais vestiu as cores preto e branco do Corinthians em campo, atrás apenas de Wladimir (806). Foram 316 vitórias, 217 empates e 179 derrotas sob as traves alvinegras.
Com nove troféus levantados, Cássio também é o jogador que mais títulos conquistou pelo Timão. O ex-goleiro Júlio César tem o mesmo número de taças, mas em quatro delas não entrou em campo.
Outro recorde do arqueiro pelo clube é o número de pênaltis defendidos. Ele é o maior cobrador de pênaltis da história do Corinthians, com 32 defesas, cinco a mais que outro ídolo da posição, Ronaldo Giovanelli.
Trajetória marcada por glórias
A passagem de Cássio pelo Corinthians começou tímida, mas terminou cheia de glória. Contratado pela equipe em 2011, mas apresentado em 2012, o arqueiro iniciou a carreira como reserva de Júlio César.
O Gigante só se tornou titular depois que o concorrente errou na eliminação do time para a Ponte Preta, na derrota por 3 a 2 para o Pacaembu, pelas quartas de final do Paulista, e perdeu a posição. Cássio, em sua estreia pela Libertadores, mostrou seu serviço ao assumir a função de titular e segurou o empate sem gols na partida contra o Emelec, no Equador, pelas oitavas de final da competição.
Ganhando cada vez mais confiança, o goleiro se tornaria um dos grandes nomes do título inédito do América. O atleta fez uma defesa milagrosa no jogo de volta das quartas de final do torneio, contra o Vasco, que terminou com vitória do Corinthians por 1 a 0. O camisa 12, que até então era o camisa 24, buscou o chute no escanteio. Diego Souza, que poderia ter mudado o rumo dessa história.
Meses depois, Cássio voltou a brilhar, desta vez no Japão, na final do Mundial de Clubes, contra o Chelsea. O goleiro voltou a fazer milagres na decisão, vitória do Timão por 1 a 0, com gol de Guerrero.
Gigante viveu momentos um pouco mais turbulentos na equipe do Parque São Jorge, como em 2016, quando seu título foi ameaçado por Walter. Nesse mesmo ano, o arqueiro quase se despediu do Corinthians e se transferiu para o futebol turco, mas acabou ficando.
As boas atuações de Cássio no clube paulista lhe renderam a convocação para a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Ele foi o terceiro goleiro do Brasil, comandado por Tite, e caiu nas quartas de final do torneio após perder para a Bélgica.
O último título do atleta veio há muito tempo, em 2019: o Paulista daquele ano. Mesmo em meio às más campanhas do Corinthians nos últimos anos, Cássio conseguiu protagonizar momentos heróicos, como em 2022, quando cobrou dois pênaltis contra o Boca Juniors, na Bombonera, e classificou o Timão de Vítor Pereira para as quartas de final da Libertadores.
Nesse mesmo ano, o jogador foi homenageado com uma bela – e rara – homenagem da torcida corinthiana. Ele foi recebido em campo com um mosaico na vitória sobre o Botafogo, sua primeira partida depois de se tornar o goleiro com mais partidas pelo clube.
Algum tempo antes de oficializar sua despedida, Cássio já se sentia incomodado com algumas situações internas no Corinthians. O arqueiro não sentiu nenhuma vontade real da atual direção de que ele ficasse e não se viu apoiado pela comissão técnica de António Oliveira. Depois de cometer alguns erros e manifestar o esgotamento mental, foi para o banco, viu Carlos Miguel assumir como titular e nunca mais voltou.
Na última terça-feira, Cássio foi aplaudido antes e depois do jogo contra o Argentinos Juniors, pela Sul-Americana, quando a notícia já havia se espalhado entre os torcedores. Ele também recebeu abraços dos companheiros durante a partida e viu outros jogadores elogiá-lo e pedir sua permanência.
Mais tarde, o camisa 12 passou pela zona mista do estádio e foi direto para o ônibus que transportava a delegação alvinegra. O jogador foi chamado por jornalistas e, de longe, mandou mensagem: “Na hora certa falarei”.
Cássio falará neste sábado, quando dará sua última entrevista coletiva como corinthiano, a partir das 12h (horário de Brasília), no CT Dr. O Timão já vinha estudando possíveis homenagens de despedida do seu ídolo. Na segunda-feira, ele é esperado em Belo Horizonte para ingressar no Cruzeiro e encerrar, de uma vez por todas, o capítulo mais bonito de sua carreira.