O Corinthians foi condenado pela FIFA, na última quinta-feira, a pagar R$ 40,4 milhões a Matías Rojas, que deixou o clube no final de fevereiro por não receber valores relativos a direitos de imagem. Atualmente, o paraguaio joga pelo Inter Miami, dos Estados Unidos.
A diretoria do Corinthians vai recorrer da decisão ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) e a expectativa é que o caso seja resolvido em dois anos.
Rojas conseguiu pedir a rescisão por causa de uma cláusula inserida na novação do acordo, em janeiro, para pagamento dos atrasados. A cláusula em questão deu a Rojas a liberdade de deixar o Timão caso o clube não pagasse, mais uma vez. E então, aconteceu.
O Corinthians parcelau a dívida de Rojas, mas em fevereiro não pagou a segunda parcela. O jogador então ativou a cláusula e nunca mais apareceu no CT Joaquim Grava.
PODERIA SER PIOR
A Gazeta Esportiva apurou que, além da cláusula relativa à inadimplência, nesta mesma novação de dívida, o Corinthians também aceitou uma cláusula atenuante.
Na prática, isso significa que Rojas ganhou a possibilidade de cobrar todos os valores de seu contrato com o Corinthians, tanto a dívida passada quanto o que ainda teria para receber até 2027.
Além disso, por causa dessa cláusula atenuante, o Corinthians não poderá usar o novo contrato de Rojas, assinado com o Inter Miami, como argumento na FIFA para reduzir o valor do que o Timão terá que pagar ao jogador. Essa é uma prática comum e habitualmente aceita em processos semelhantes, porém, o Corinthians concordou em não ter essa possibilidade.
Tem mais: a FIFA foi procurada no dia 28 de fevereiro e, a partir dessa data, começaram a acumular juros de aproximadamente 5% sobre R$ 40,4 milhões. Isso representa cerca de R$ 2 milhões por ano. Esses valores serão somados à frase ao final do processo.
CONFLITO DE VERSÃO
Augusto Melo atribui a culpa pela situação a Rubens Gomes, o Rubão, que na época ocupava o cargo de diretor de futebol.
“O Augusto não participou de nenhuma reunião, nem com o Rojas, nem com nenhum jogador que o Rubão assinou. A assinatura do contrato foi feita porque ele (Augusto) confiava (no Rubão), e disseram que estava tudo bem”, afirmou o assessor do presidente. , em nota enviada a Gazeta Esportiva.
A versão de Augusto Melo, porém, difere do que dizem outros três participantes da negociação: Rubão, Rafael Botelho (advogado de Rojas) e Rozallah Santoro (diretor financeiro do clube na época dos acontecimentos).
Rubão falou sobre o caso em Mesa redondade TV Gazetano dia 5 de maio, logo após ser demitido por Augusto.
“O Augusto estava envolvido nisso tudo. Ele sabia disso. Nós aceitamos (a cláusula). Conversamos, ligamos, junto com o Rafael (advogado de Rojas), e ele (Augusto) disse: ‘você (Rafael) vai se surpreenda com a nossa gestão, porque vamos cumprir o que prometemos, pode falar, eu pago'”.
Rafael Botelho, representante e advogado de Matías Rojas nesta discussão com o Corinthians, contatado pela reportagem, confirmou a versão de Rubão.
“É verdade, o Augusto sabia de tudo, ele participou, falou comigo, participou por vídeo de uma reunião, sabia da cláusula. Fizemos um acordo para pagar em seis parcelas, sem juros, sem correção, sem multa, igual parcelado, tudo para ajudar o clube. E o Augusto me disse ‘Agora fica a minha palavra, eu vou cumprir, você pode mandar o contrato'”.
O vencimento da parcela de Rojas coincidiu com o momento em que o Corinthians decidiu demitir Mano Menezes e contratar António Oliveira. Mas, para que António pudesse trabalhar, o Timão precisou pagar uma multa de R$ 1,04 milhão ao Cuiabá e também depositar a primeira parcela de R$ 1 milhão do acordo feito com Mano.
“Eu tinha dinheiro. Mas, tive que pagar uma multa do António e uma multa do Mano. Esse dinheiro foi usado para isso, com autorização do presidente, que veio ao departamento financeiro e disse: ‘vamos pagar isso, então eu tenho mais dias para arrumar esse dinheiro'”, disse Rubão Mesa redonda.
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O Timão é líder do grupo 22 da competição com nove pontos em três jogos!
Fernandópolis 0 5 Corinthians
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Kaué#CorinthiansNaBase#Vai Corinthians pic.twitter.com/hb2pVgBhez– Corinthians (@Corinthians) 29 de junho de 2024
A Gazeta Esportiva Ele procurou Rozallah Santoro, que já deixou a gestão Augusto Melo, mas era responsável pela área financeira na época.
“Era comum as pessoas virem até mim e eu tinha que explicar que não tinha aquela renda naquela época. Trabalhávamos com um fluxo diário de renda. e houve um pedido (do presidente) para pagar a multa do António, para que ele pudesse estar no banco (reserva) no domingo”, explicou Rozallah, referindo-se ao jogo que o Corinthians fez contra a Portuguesa, pelo Campeonato Paulista, e venceu por 2 a 0, na Neo Química Arena.
Depois disso, o Corinthians conseguiu convencer Rojas a ampliar o prazo de pagamento. O jogador aceitou, mas, novamente, o clube não cumpriu a promessa.
“Chegou o dia de pagar, mas o clube não tinha o valor no caixa. Tinha o valor para pagar a parcela do Refis (Programa de Refinanciamento Fiscal do Governo Federal), que é a prioridade acima de tudo, porque qualquer atraso pode gerar um problema muito grande. Pagamos os Refis e não conseguimos pagar os Rojas”, finalizou Rozallah.
O COMEÇO DE TUDO
Ao contratar Matías Rojas, em 2023, o Corinthians concordou em pagar US$ 1,8 milhão ao jogador em três parcelas não iguais, nos meses de julho, setembro e dezembro.
O Corinthians sempre manteve o salário do meio-campista em dia, conforme previsto na CLT, e ainda pagou impostos nas notas fiscais emitidas pelo atleta. As três parcelas, porém, não tiveram depósitos efetuados.
O valor chegou a R$ 5 milhões e a promessa final da gestão liderada por Duilio Monteiro Alves era fazer o pagamento no dia 26 de dezembro, o que também não aconteceu.
“Havia a previsão de que o acordo original com a Brax depositasse o primeiro aporte na conta do Corinthians por volta do dia 20 de dezembro, o que nos permitiria quitar, no dia 26 de dezembro, compromissos como o de Matías Rojas. Depósito Brax, evitando que isso acontecesse, fiz questão de explicar à atual gestão minha preocupação com o caso Rojas, pois a equipe dele voltou a fazer cobranças, após não conseguir cumprir a previsão de pagamento no dia 26 de dezembro”, justificou Wesley Melo, financeiro. diretor da gestão Duilio, em nota enviada a Gazeta Esportiva.
“Por isso decidimos emitir uma nota oficial publicada no dia 29 de dezembro, ainda sob nossa administração, quando nos referimos às receitas de R$ 100 milhões que entrariam no caixa do clube já em janeiro de 2024, referindo-se às negociações entre Murilo e Felipe, a iminente venda da Moscardo e acordos publicitários, como o da Brax”, continuou Wesley.
“A gestão Augusto Melo decidiu renegociar Brax e Matias Rojas, mas não conseguiu utilizar os recursos disponibilizados para resolver as pendências. E é impossível entender como a atual diretoria concordou em incluir cláusula de multa com pagamento imediato de todo o contrato após o incumprimento de uma única prestação, perdendo o jogador e dando origem a um litígio na FIFA, que até agora nos está a causar prejuízos na ordem dos 40 milhões, nenhum dos contratos que assinamos tinha cláusula tão lesiva”, concluiu o ex-diretor.
PROPOSTA IGNORADA
A defesa de Rojas começou a negociar os atrasos nos pagamentos no segundo semestre de 2023 e fez a primeira notificação oficial em dezembro. Depois disso, até o final de fevereiro, o Corinthians prometeu diversas vezes prazos, que nunca foram cumpridos.
Nesse período, o valor saltou de R$ 5 milhões para R$ 8 milhões. Rojas concordou em recebê-lo em seis parcelas sem juros, mas viu apenas a primeira parcela cair em sua conta.
Mesmo após deixar o clube e ir para a Fifa, Rojas, por meio de seu advogado, abriu a possibilidade de um acordo amigável de R$ 8 milhões, com prazo maior, com o objetivo de que cada pessoa “seguisse sua vida sem processos judiciais”. mas, como em outras ocasiões, segundo Rafael Botelho, o clube ignorou as mensagens e e-mails enviados, o que sempre gerou irritação entre os funcionários.
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