Nesta terça-feira, o empresário Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, visto como intermediário do acordo de patrocínio entre Corinthians e VaideBet, prestou depoimento na DPPC (Delegacia de Proteção à Cidadania), em São Paulo, e relatou aos investigadores sua versão de como ocorreu o processo de intermediação de negócios.
Como apurou o Gazeta Esportiva, durante seu depoimento, Alex Cassundé afirmou não ter feito parte da intermediação da parceria entre Corinthians e VaideBet. Para ajudar o Timão, o empresário fez uma busca no ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial, e procurou por: “dicas de como encontrar empresas de apostas”. Pela resposta, ele chegou ao VaideBet.
Após conhecer a empresa, Alex disse que encontrou o contato de um profissional da casa de apostas através de uma busca no Google. Ele entrou em contato com esse profissional da empresa, que respondeu que só negociaria diretamente com o Corinthians. Ele diz que não sabe o nome desse representante da VaideBet, pois ele apagou as mensagens do celular.
Alex então afirma ter entrado em contato com Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do Timão. Sérgiou enviou a Cassundé o contato de Marcelo Mariano, diretor administrativo do clube. A partir daí começaram as conversas entre Corinthians e VaideBet, e Cassundé não se envolveu novamente no caso.
Alex nega ter exigido uma comissão de um milhão de dólares
Ainda durante seu depoimento, Alex Cassundé negou ter exigido a comissão de R$ 25,2 milhões que o clube se comprometeu a pagar à Rede Social Media Design LTDA, empresa da qual o empresário é sócio-diretor. Ele afirma que o Timão lhe ofereceu 7% do valor total (R$ 360 milhões) do contrato de patrocínio assinado no início deste ano e rompido no dia 7 de junho.
A versão de Alex, porém, contraria uma nota oficial emitida pela própria VaideBet, na qual a casa de apostas reconhece a existência de um intermediário na parceria. O presidente do Timão, Augusto Melo, admitiu publicamente que conseguiu, por meio de negociações, reduzir a comissão que seria paga à Rede Social Media Design LTDA.
Alex recebeu R$ 1,4 milhão pela intermediação do contrato de patrocínio entre Corinthians e VaideBet. O acordo previa o pagamento de R$ 25,2 milhões à Rede Social Media Design LTDA, porém, como o vínculo não durou até o final, a empresa não receberá o valor integral.
O empresário recebia R$ 700 mil por mês graças à intermediação. Ou seja, ao longo dos seis meses de vigência do acordo, ele deveria ter faturado cerca de R$ 4,2 milhões, mas recebeu apenas R$ 1,4 milhão. O empresário, porém, não cobrará o valor que o clube teria direito.
A versão de Alex aumenta a suspeita da polícia
A versão relatada por Alex Cassundé só aumentou a desconfiança da Polícia Civil, que vem investigando o caso nos últimos meses. O órgão bloqueou o celular do empresário e estuda bloquear suas contas bancárias, após a Justiça determinar quebra de sigilo.
O vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, assim como o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura e o atual diretor administrativo Marcelo Mariano, devem ser chamados para prestar depoimento nas próximas semanas. É possível que um representante da VaideBet também seja chamado pela Polícia.
E a transferência para a empresa laranja?
Segundo depoimento de Alex Cassundé, o repasse de mais de R$ 1 milhão para a Neoway Soluções Integradas, considerada uma empresa ‘laranja’, faz parte de outro negócio que envolve telemedicina. Ele pagou esse valor em troca de um serviço que não recebeu e diz ter sido vítima de um golpe. Alex, porém, preferiu não abrir boletim de ocorrência sobre o caso.
Alex afirma que fez o pagamento à Neoway sem qualquer contrato e que, ao documentar o acordo, a empresa ‘desapareceu’. Ele afirma não ter conhecimento de que se tratava de uma empresa “de fachada”. As mensagens foram apagadas do celular do empresário.
Alex Cassundé participou da campanha eleitoral de Augusto Melo no ano passado. No entanto, disse que realizou trabalho voluntário e não recebeu qualquer pagamento pelo seu serviço.
O empresário ainda desconhece as 73 empresas que estão ligadas ao seu nome.
Em rápida entrevista após o depoimento, o advogado de Alex, Cláudio Salgado, afirmou que “não houve corrupção” neste caso. O profissional assessora Cassundé há quatro anos, mas não havia sido informado sobre as transações com a Neoway.
“Era uma sociedade em um negócio que ele tinha, estava tudo regularizado. Houve uma dúvida se esse depósito foi feito de forma irregular, e ele esclareceu que não era irregular, foi feito corretamente. de golpe. Estamos tomando medidas para prosseguir com isso. É problema dele, ele está envolvido em situações empresariais e teve que fazer esse pagamento. O mais importante é que não há transferência para o Corinthians, não há corrupção, nada. assim”, declarou.
Lembre-se do caso
No dia 20 de maio foi divulgado um suposto esquema “laranja” ligado ao intermediário que assinou o contrato entre VaideBet e Corinthians.
Em 18 de março de 2024, a empresa Rede Social Media Design Ltda teria recebido um pagamento de R$ 700 mil do Corinthians, o que resultou em sua conta bancária com saldo positivo de R$ 697.270,73. Poucos dias depois, a conta foi reabastecida com o mesmo valor.
Uma semana depois, a Rede Social Media Design Ltda efetuou um pagamento de R$ 580 mil à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Um dia após essa transação, a Rede Social teria feito outro repasse para a Neoway, desta vez no valor de R$ 462 mil.
A Rede Social foi responsável por intermediar o acordo entre VaideBet e Corinthians. A Neoway é uma empresa que tem como sócia uma mulher moradora de Peruíbe, Edna Oliveira dos Santos. A sede da Neoway está localizada na Avenida Paulista, 171, 4º andar. Porém, segundo a recepcionista do local, ninguém ligado à empresa jamais visitou o local.
A grande questão é que a Rede Social pertence a Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, que participou da campanha eleitoral de Augusto Melo para presidente do clube, no final de 2023. Cassundé é conhecido do ex-superintendente de marketing do Timão, Sérgio Moura.
As transações no valor de R$ 700 mil foram realizadas sem o conhecimento do diretor financeiro Rozallah Santoro, que naquele momento não estava no Parque São Jorge, pois estava em viagem. Sem a presença de Santoro, o diretor administrativo Marcelo Mariano autorizou os pagamentos, alegando que a Rede Social já havia emitido notas fiscais e teria pago os impostos.
Edna Oliveira dos Santos, sócia majoritária da Neoway, mora em uma casa simples em Peruíbe e desconhece a empresa de sua propriedade. Além disso, Edna não conhece Cassundé.
No dia 27 de maio, a VaideBet enviou notificação extrajudicial ao clube, sugerindo a possibilidade de rescisão do contrato, prevista inicialmente até o final do mandato de Augusto Melo. No documento, a empresa manifestou à equipe do Parque São Jorge sua insatisfação com a notícia veiculada na imprensa sobre a parceria.
A casa de apostas deu ao clube um prazo de dez dias para prestar explicações e apresentar soluções. Sem receber o retorno esperado, a VaideBet exerceu a cláusula anticorrupção contida no contrato de patrocínio e rescindiu o acordo.
O Corinthians corre o risco de ter que pagar multa de 10% do valor a ser cumprido no contrato. Isso porque nele há uma cláusula que determina esse pagamento pela “parte que dá origem à rescisão”.
O clube, porém, alega que não se responsabiliza por terceiros e contesta o rompimento, cobrando da VaideBet uma suposta dívida avaliada em R$ 6,3 milhões, referente a um saldo contratual. O Timão entende que a empresa continua usando a imagem da associação mesmo com o fim do vínculo.
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