Lorrane Oliveira é a responsável por abrir um dos aparelhos mais difíceis, senão o mais difícil, da seleção brasileira de ginástica artística: as barras assimétricas. Na final por equipes dos Jogos Olímpicos de Paris, a responsabilidade foi ainda maior, pois o aparelho foi o primeiro do rodízio do Brasil.
A ansiedade já era grande e para piorar a situação, Flávia Saraiva teve seu aparelho caído durante o aquecimento. A ginasta sofreu um corte na sobrancelha e precisou de um curativo para seguir na competição. À CNN, Lorrane relembrou o momento tenso antes da apresentação.
“Foi logo depois da queda da Flávia, ela abriu a sobrancelha, fiquei muito tenso. Foi difícil, ali, lidar com tudo. Mas é isso, eu estava pronto. Mesmo que acontecesse alguma coisa, eu estava pronta para fazer o meu trabalho”, explicou a ginasta.
No final, tudo deu certo. O Brasil conquistou a inédita medalha de bronze por equipes. Nas barras assimétricas, o Brasil marcou 42.366, Lorrane foi a primeira a se apresentar e marcou 13 mil.
“Muita gente pensa que, às vezes, fazer apenas um aparelho acaba sendo mais fácil, porque é só um aparelho. Na verdade é muito mais difícil, porque você sente mais pressão para estar ali com sua equipe para fazer apenas um aparelho, é uma responsabilidade enorme. Mas treinei muito para isso. As barras paralelas ou barras assimétricas são meu melhor equipamento desde jovem, por isso venho treinando esse aparelho há muitos anos para poder chegar aos Jogos Olímpicos e ter o melhor desempenho possível e, caso surgisse algum imprevisto, Eu estava pronto para lidar com isso”, disse o medalhista. Olímpico.
Vida de um medalhista olímpico
Lorrane não esconde a felicidade com a tão esperada medalha olímpica. Apesar da alegria da conquista em Paris e de tudo o que aconteceu na Cidade Luz, a carioca disse que a moeda só começou a cair quando voltou ao Brasil.
“Confesso que estou vivendo um sonho. Tudo o que pedi foi uma medalha olímpica e agora estou colhendo os frutos disso. Mas confesso que isso começou a acontecer assim que coloquei os pés no Brasil. É muito louco ver a proporção que isso tomou, que a ginástica cresceu de uma forma que o Brasil parou para assistir. E é uma loucura que as pessoas saibam meu nome e peçam para tirar foto comigo, me chamando pelo nome. Estou vivendo um sonho e tem sido muito melhor do que eu esperava”, explicou Lorrane emocionada.
O carinho não vem só pessoalmente: nas redes sociais, as ginastas brasileiras também conquistaram muitos seguidores. Lorrane chegou a Paris com menos de 150 mil seguidores no Instagram, rede social em que é mais ativa. Hoje já soma mais de dois milhões.
“Quando acabou a competição entrei nas minhas redes sociais e no Instagram e tinha meio milhão mais ou menos, então já fiquei surpreso. Aí eles começaram, principalmente a CazéTV, a trabalhar juntos para me ajudar a chegar a um milhão, porque todas as meninas já tinham e eu ainda não. No começo eu falei ‘Ah, não precisa, já tem gente demais’. Mas aí vi que quanto mais gente me acompanhava, mais carinho eu recebia, mais abraçada eu me sentia. Vendo que as pessoas se encantaram com a minha história e me abraçaram, só tenho a agradecer por todo carinho”, disse a ginasta.
Responsabilidade de influenciar
Apesar da euforia com o número de seguidores, Lorrane entende que os números também trazem muita responsabilidade. O medalhista olímpico, porém, vê tudo isso de forma positiva. Ela vê nos números a possibilidade de influenciar, principalmente as crianças, de forma positiva.
“Posso mostrar meu dia a dia, minha rotina, como equilibro minha vida de atleta com a vida fora da academia, posso mostrar como prendo o cabelo, como me maquio, o que como no café da manhã… E isso é realmente legal, porque posso ajudar outras pessoas. Tenho recebido diversas mensagens pedindo ajuda para enviar para algum lugar para começar a fazer ginástica ou um vídeo para enviar para um projeto escolar. E isso tudo é muito gratificante e estou muito feliz”, explicou.
Apesar da consciência do seu alcance, Lorrane ainda estranha estar do outro lado e ser objeto de tanta admiração.
“É bizarro para mim, porque há alguns anos fui eu quem tive a Jade (Barbosa) e o Dai (Daiane dos Santos) como inspiração e agora sou inspiração para algumas crianças. O que posso fazer é continuar a dar-lhes força. Ajude de qualquer forma, seja incentivando com uma mensagem ou direcionando alguém para algum lugar. Na academia, fora de casa, nas redes sociais, tudo o que mais quero é ver a ginástica crescendo.”
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