A delegação brasileira já começou a chegar a Paris para disputar os Jogos Olímpicos de 2024. O primeiro atleta a embarcar e chegar à Cidade Luz foi Pepê Gonçalves, classificado nas duas provas de canoagem slalom, o K1 e o cross. E ele está confiante em conquistar sua primeira medalha olímpica.
Classificado para sua terceira Olimpíada, Pepê nunca subiu ao pódio, mas tem um diferencial para esta edição: é especialista em caiaque cross, ou caiaque extremo, modalidade estreante nas Olimpíadas de Paris. O atleta conseguiu vaga na canoagem slalom no Pan-Americano realizado no Rio de Janeiro em março deste ano e, com isso, garantiu também a chance de competir no cross.
Em entrevista à CNN, Pepê revelou que, apesar da frustração por não ter conseguido a classificação para a Copa do Mundo de 2023, isso acabou sendo positivo na sua preparação para as Olimpíadas.
“Costumo dizer que foi o plano perfeito, porque tive que prolongar um pouco mais a preparação. O foco, a mente, melhorar algumas coisas que talvez não cabessem ali, para seis meses depois conseguir uma vaga no Brasil, no Pan-Americano deste ano, lá no Rio de Janeiro, que estava sob uma pressão absurda. Foi realmente uma prova de fogo e me colocou em um lugar onde não estava, que é me sentir 100% preparado e pronto para uma medalha olímpica inédita. Por causa dessa pressão que tenho sentido recentemente”, explicou o canoísta.
Estou muito animado para Paris, tenho medalhas no slalom. No cross, terminei em segundo agora no ranking de Copas do Mundo, Copas do Mundo, quem ficar em primeiro não vai participar de Paris, não se classificou. Dos mundiais, sou o único do cross que se classificou para as duas finais. Estou no meu melhor fisicamente, mentalmente e feliz. Acho que é uma receita perfeita para ter sucesso em Paris.
Pepê Gonçalves, canoagem slalom (K1 e cross)
E a emoção de Pepê não é só com o seu desempenho, mas com todo o Time Brasil. O canoísta acredita que o país tem chances de superar as 21 medalhas conquistadas em Tóquio, recorde brasileiro nas Olimpíadas. Para ele, os principais destaques vão em busca do ouro, mas os acontecimentos “inesperados” podem surpreender os torcedores brasileiros.
“Temos muitos atletas preferidos, tem o Isaquias, o Piu, a Rebeca. Temos atletas como a Rayssa, realmente brigando pelo ouro. Acho que abaixo desses atletas há muitos também com esperança de medalha. Acho que o brasileiro também gosta de ser surpreendido, tem algumas modalidades que não estão lá em cima no termômetro, mas sem dúvida na hora de “vamos ver” vamos dar o nosso melhor. Para ser atleta no Brasil passamos por tanta coisa que criamos uma concha muito grande e na hora de “vamos ver” a gente tem um diferencial.”
Reconexão com a natureza pré-Paris
Antes de partir para Paris, Pepê passou duas semanas em casa, na cidade de Piraju, no interior de São Paulo. Após um ciclo intenso, com muitas viagens e pressão para garantir uma vaga olímpica, o atleta destacou a importância desse período com a família antes dos Jogos.
Além disso, o canoísta revelou que o contato com a natureza é um diferencial na sua preparação. Para ele, essa reconexão com rios e cachoeiras é fundamental.
“Somos obrigados pelo esporte a treinar em academias e ginásios. As pistas são todas de canoa slalom artificial. E não foi por este desporto que me apaixonei, foi pelo desporto puro, pelos canais naturais. Então eu tenho a necessidade, depois de longos períodos de treino, que tenha que ser assim, mas preciso voltar às minhas raízes, às minhas origens, me reconectar e tomar aquele fôlego e seguir em frente. Portanto, estar em casa fazendo esta preparação final de duas semanas é muito importante para mim.”
Legado além do esporte
A medalha olímpica é o principal objetivo na vida de um atleta de alto rendimento e para Pepê Gonçalves não é diferente. Mas o canoísta entende que seu legado como atleta vai além das conquistas no pódio.
“Tem uma medalha minha de Copa do Mundo que eu curti lá por duas, três horas. Aí levei na mochila, pegando um carro, 12 horas para outro país para mais uma Copa do Mundo. Então a medalha mais importante é sempre a próxima. Mas acho que é muito importante o que você faz com isso. Acho que existem esportes que dependem do atleta campeão para se espalharem no Brasil, para motivar mais crianças e jovens.”
Pensando nisso, Pepê uniu duas paixões: o esporte e o audiovisual. Quem acessar suas redes sociais, principalmente o Instagram, vai se deparar com uma grande variedade de conteúdos sobre canoagem. Treinos, bastidores de competições, detalhes esportivos, viagens e até um pouco da vida pessoal de Pepê estão lá, com produções dignas de um verdadeiro influenciador.
“Combinou a minha missão, a minha vontade de tornar a canoagem mais conhecida no país, de levar isso para mais pessoas, junto com o meu hobby que é o audiovisual, que gosto muito de produzir conteúdo, editar vídeo, editar fotos, filmar com drone. Gosto muito dessa parte audiovisual e o Instagram é uma ferramenta gratuita que está aí para todos usarem e se eu puder ajudar o esporte, a divulgar isso, está nas minhas mãos, só depende de mim”, finalizou Pepê.
A canoagem slalom estreia nas Olimpíadas de Paris no dia 27 de julho, com o início das provas do K1 feminino. O K1 masculino será disputado entre 30 de julho e 1º de agosto. As competições de caiaque cross, tanto femininas como masculinas, começam no dia 2 e terminam no dia 5 de agosto.
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