Na última sexta-feira, o Ministro do Esporte, André Fufuca, e a Ministra da Mulher, Cida Gonçalves, assinaram um acordo de Cooperação Técnica para produzir e organizar ações conjuntas que visam combater a misoginia e eliminar todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres no esporte. O principal foco da iniciativa são os jogos de futebol, futsal e futebol de areia em todo o país.
O Ministério da Mulher vai articular, por exemplo, medidas e campanhas que serão realizadas junto à Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor (SNFDT), do MEsp. O Ministério do Desporto promoverá eventos e ações de divulgação e incentivo relacionadas com a participação de meninas e mulheres em competições desportivas de caráter educativo, informativo ou social.
“Só temos a agradecer a todos que se empenharam. O Ministério do Esporte tem algumas iniciativas que terão um alcance muito forte, como a Copa do Mundo de Futebol Feminino e o campeonato mundial de ginástica rítmica, além de diversas outras ações que estamos tentando trazer para o Brasil”, declarou Fufuca.
A ministra destacou a simpatia e admiração que a comunidade internacional tem pelo país, o que contribui para aumentar a visibilidade de causas importantes como o combate à misoginia. “Vamos utilizar estes instrumentos e esta grande visibilidade para destacar esta campanha em todo o continente latino-americano e em todo o território nacional, porque é uma causa nobre”, explicou.
“Essa parceria é uma grande conquista. No ‘Brasil sem Misoginia’, temos um público específico que queremos atingir, que são os homens. Queremos ocupar espaços no esporte, porque eles conversam muito com os homens, então temos o oportunidade de comunicar-lhes que, neste país, não aceitamos o ódio ou a violência contra as mulheres”, afirmou a ministra Cida Gonçalves.
Acordo de Cooperação Técnica para produzir ações de combate à misoginia e eliminação da discriminação contra as mulheres no esporte foi assinado pelo Ministro do Esporte, André Fufuca, e pela Ministra da Mulher, Cida Gonçalves. A iniciativa tem como foco futebol, futsal e futebol de areia. pic.twitter.com/WLAoyN5MvX
— Ministério do Esporte (@EsporteGovBR) 18 de novembro de 2023
Brasil sem Misoginia
Em outubro, o Ministério da Mulher lançou o programa ‘Brasil sem Misoginia’, que visa mobilizar governos, empresas, sociedade civil, ONGs, movimentos sociais, entidades, instituições de ensino, torcidas organizadas, times de futebol, grupos religiosos e artistas para o debate e reflexão sobre os papéis sociais atribuídos às mulheres e aos homens, e para as necessárias mudanças no comportamento do grupo.
No domínio do desporto, são frequentemente relatadas atitudes e práticas discriminatórias em relação às mulheres, tais como hostilidade, preconceito ou discriminação no contexto desportivo. Manifestam-se através da desigualdade de oportunidades, desigualdade salarial, sexualização, delimitação de estereótipos, comentários ou comportamentos discriminatórios, falta de cobertura mediática e resistência à mudança. O MEsp, desde o início do ano, trabalha para fortalecer a questão feminina no esporte.
Bolsa atleta e gestante
Com foco no combate à misoginia, o presidente Lula sancionou a lei que altera as regras do Bolsa Atleta e amplia direitos e garantias para gestantes e mães de recém-nascidos. O programa garante proteção às atletas durante o período gestacional mais um período de até seis meses após o nascimento do bebê, num total de até 15 parcelas mensais sucessivas. Com as mudanças, as gestantes e puérperas terão um prazo maior para comprovar seus resultados esportivos, um dos requisitos para os bolsistas do programa.
O Ministério do Esporte também lançou a Estratégia Nacional para futebol feminino, que entrou em vigor com a assinatura do Decreto nº. 11.458/2023. O principal objetivo é gerar apoio a longo prazo e promover, incentivar e incentivar a inclusão e manutenção de meninas e mulheres no desporto.
Em julho deste ano foi publicado o Diagnóstico do futebol feminino no país e os dados revelam que o esporte ainda é predominantemente amador no Brasil. Segundo a pesquisa, apenas 19,2% dos atletas têm contrato profissional, enquanto 4,9% têm contrato de trabalho temporário e 1,2% têm contrato de formação.
Outros fatores indicaram a necessidade de buscar ampliar a profissionalização do esporte em território brasileiro. A primeira refere-se à elevada percentagem de jogadores que não recebem qualquer salário ou subsídio.
Cabe ao MEsp colocar em prática o plano de ação para o triênio 2023-2025, visando a implementação da estratégia. O trabalho será realizado em diálogo e em conjunto com atores relevantes, como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), federações, clubes e atletas de futebol, estados, municípios e Distrito Federal.