O técnico André Jardine, medalhista de ouro pelo Brasil em Tóquio 2020, vive o melhor momento de sua carreira e pode somar mais um título importante à sua coleção nos próximos dias. Atual no comando do América, do México, o brasileiro inicia na noite desta quinta-feira, a disputa do bicampeonato nacional, contra o Cruz Azul, no primeiro jogo da final do Torneio Clausura 24.
Porém, o treinador, nascido no Rio Grande Sul, também viveu semanas tensas com as enchentes que mataram centenas de pessoas em seu estado natal. A seu pedido, o América mobilizou doações através do “Nuestras Alas”, seu departamento de responsabilidade social, e através da Fundação Televisa, dona do clube. Parte da arrecadação da semifinal contra o Chivas foi destinada à compra de milhares de kits de higiene pessoal para as vítimas da tragédia.
“A solidariedade demonstrada pelo clube neste momento difícil enfrentado pela população gaúcha foi incrível. Isso é algo que mostra a grandeza do América e só me motiva mais a dar aquela alegria extra à torcida. Vamos em busca desse título”, disse Jardine.
Como líder da primeira fase, o América tem a vantagem de decidir o título em casa, no Azteca, no domingo. Caso seja campeão pela segunda vez consecutiva, Jardine será o primeiro técnico em 35 anos a conseguir esse feito pelo clube da capital, o maior vencedor da história da Liga MX, com 14 títulos conquistados.
“Desde que cheguei ao América, em meados do ano passado, eu disse que meu objetivo era marcar uma época de vitórias aqui. Temos que nos acostumar com momentos decisivos como esse, um clássico, com estádio lotado na ida e na volta, e o país parando para assistir. Esses são os jogos que são bons de jogar e é aqui que a história realmente é escrita”, afirma André Jardine.
Em sua trajetória na Liguilla, como os mexicanos chamam de fase eliminatória do campeonato, Jardine tem enfrentado curiosamente uma espécie de “Copa América privada”, enfrentando outros treinadores sul-americanos. Nas quartas de final, o América eliminou o Pachuca, finalista da Concachampions 2024 e liderado pelo uruguaio Guillermo Almada. Nas semifinais, o adversário foi o Chivas, maior arquirrival dos americanistas, treinado pelo argentino Fernando Gago. Agora, na final, o rival será o Cruz Azul, comandado pelo também argentino Martín Anselmi.
“É uma coincidência interessante. Talvez sirva de aperitivo para a Copa América do próximo mês”, brinca Jardine. “Mas é uma prova da competência dos profissionais sul-americanos e do reconhecimento que temos aqui. Fico feliz em ajudar a abrir novos mercados e representar o Brasil em um país tão apaixonado pelo nosso futebol como o México”, afirma o brasileiro.