Experiências que buscam engajar o torcedor e temas em destaque nos bastidores da bola, como SAFs e Liga, fecharam a sexta-feira (14) do Conafut 2024. O evento, que começou na última quinta-feira (13), contou com nomes renomados com o objetivo de discutir diversos temas do mundo esportivo.
O terceiro debate do dia explorou como os clubes e as empresas de mídia estão adotando o novo perfil de torcedor. Também foram destacadas estratégias para identificar oportunidades voltadas aos consumidores esportivos.
O diretor de marketing do Bahia, Rafael Soares listou as ações digitais realizadas pelo clube para fidelizar os torcedores e elogiou os posicionamentos fortes nas redes sociais.
“Temos um clube que não é visto como o top do futebol em termos de desempenho esportivo. Temos um histórico de campanhas de afirmação, de tomada de posição, de defesa de minorias e de causas importantes. E impulsionamos isso para fazer mais e melhor. Este ano fizemos um vídeo que realmente pressionou contra a cultura do estupro. Fizemos um vídeo sobre transfobia, um tema difícil de falar. Colocamos posições fortes para engajar a torcida”, iniciou o executivo, que continuou:
“Conseguimos virar a chave rapidamente após a campanha para permanência no Campeonato Brasileiro de 2023. Começamos 2024 com muitas ideias, como o anúncio do Jean Lucas. Rompemos a bolha com o Everton Ribeiro na forma como nos comunicamos, vamos entrar com muita força na área documental. Em dez meses conseguimos colocar a Bahia em um bom nível de visibilidade. Os fãs estão muito animados. Nosso objetivo é ser o clube mais seguido da região, estamos atrás apenas do Sport. Queremos superar todas as métricas”, declarou.
Diante do cenário atual, com a comunicação cada vez mais digital, os debatedores alertaram os torcedores “offline” para não serem deixados de lado.
“Tem torcedor do Corinthians em Caruaru ouvindo o jogo no rádio e precisamos conversar com esse cara. Não é só pelas redes sociais, ainda precisamos conversar por SMS, texto de voz, telefone, outdoor… Não podemos excluir o consumo. Quando pensamos nas arquibancadas, os torcedores expressam suas emoções e não podem ser excluídos em hipótese alguma”, comentou Reginaldo Diniz, CEO End to End, o que provocou uma reflexão.
“Se o Instagram, o Twitter e o Facebook fossem desligados hoje, o que faríamos das nossas vidas? Que ações tomaríamos para continuar conectando os fãs com sua paixão?”
Nova Liga e papel dos jogadores
Encerrando o evento, Rodrigo Capelo, jornalista especializado em finanças, mediou um debate sobre o cenário do futebol brasileiro, com as SAFs, Ligas e o potencial econômico do país para o esporte.
Ex-presidente do Flamengo e atual deputado federal, Eduardo Bandeira de Mello condenou o atual modelo futebolístico do país. Para ele, muitas coisas precisam mudar para que os avanços se concretizem, como a criação da Liga.
“Os clubes criaram dois grupos para vender direitos de transmissão. Da Liga, até agora, não vimos nada. Eles deveriam se preocupar em maximizar o produto, o faturamento com as vendas, mas o campeonato ainda está espremido em oito meses. Você conhece alguma liga que não tenha controle sobre seu próprio calendário? Seria muito melhor vender o produto se você tivesse controle sobre ele, usasse o ano todo”, declarou o político, que aproveitou para criticar os Governos Estaduais no modelo atual.
“Tirando o Paulista, os Estaduais são desamparados do ponto de vista técnico e financeiro. Alguém já ouviu falar da Liga Paulista? Liga Carioca? As regionais continuam com as mesmas federações que seguiram esse modelo atrasado durante décadas. Qual seria a solução? A CBF organiza o campeonato em 12 meses, no meio da semana seria com Libertadores e Copa do Brasil… Podemos fazer isso? Não. A CBF está nas mãos das federações. O modelo de governança vai contra o sucesso do futebol brasileiro.”
Eduardo Bandeira de Mello
O ex-jogador Dudu Cearense, CEO da OKTO Investimentos, opinou sobre a perspectiva dos atletas sobre uma mudança na indústria do futebol. Para ele, falta uma maior participação da classe de jogadores em assuntos que envolvem questões de bastidores do futebol, como finanças e criação de ligas.
“Em termos de governança, movimentação da Liga, de dinheiro, a última coisa a se pensar é no atleta. Eles têm medo de mudar de clube. Diante de tanto processo, ele não vai querer se preocupar com finanças, com Libra. O direito à arena que a gente tem, todos recebem igual? Se a nossa classe estivesse unida, seria a maior potência do mundo”, destacou.
Sobre Conafut
A sétima edição da Conferência Nacional de Futebol foi realizada na Neo Química Arena, Zona Leste de São Paulo, entre quinta (13) e sexta (14). O evento reúne especialistas de diversas áreas do futebol para debates e networking.
O encontro acontece desde 2017 e debate os mais variados temas relevantes do mundo do futebol em todas as suas dimensões. O público é formado por profissionais de clubes, federações, patrocinadores, agências, arenas, consultorias, órgãos públicos e outras entidades.
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