Os Jogos Paralímpicos Paris 2024 terão início no dia 28 de agosto, ou seja, daqui a seis meses. Até esta quarta-feira, o Brasil tem 116 atletas confirmados pelo Comitê Organizador Local.
A delegação brasileira, até o momento, garantiu sua participação nas seguintes modalidades: atletismo, natação, vôlei sentado (masculino e feminino), goalball (masculino), futebol para cegos, ciclismo, hipismo, canoagem, remo, taekwondo, tiro esportivo, tiro com arco, bocha e tênis de mesa.
As últimas quatro modalidades foram garantidas em Paris devido ao desempenho dos atletas brasileiros nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, quando o Brasil fez a melhor campanha da história do evento continental, com 343 medalhas no total, sendo 156 de ouro, 98 de prata e 89. bronze. .
No atletismo, a seleção brasileira conquistou 37 vagas após participar do Campeonato Mundial de Atletismo, em Paris, em junho de 2024. Na ocasião, o Brasil conquistou 14 ouros, 13 pratas e 20 bronzes, o que lhe conferiu o segundo lugar na classificação geral. medalhas, com mais pódios totais que a China, que terminou na liderança por ter obtido mais dois ouros.
Na natação, 12 vagas foram confirmadas após a campanha do Brasil na Copa do Mundo de Manchester, de julho a agosto de 2023, em que o país obteve 46 medalhas (16 de ouro, 11 de prata e 19 de bronze), números que o deixaram na quarta posição.
A seleção brasileira de futebol para cegos se classificou com a medalha de bronze na Copa do Mundo da modalidade, realizada em agosto de 2023 e incluída nos Jogos Mundiais da Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA).
A seleção nacional masculina de goalball foi campeã mundial em Portugal, em dezembro de 2022, e também garantiu antecipadamente a presença em Paris por ter sido finalista daquela competição, um dos critérios de classificação.
As vagas de vôlei sentado também vieram com títulos. A seleção feminina conquistou o mundial disputado na Bósnia em 2022, enquanto a seleção masculina foi campeã do Campeonato Zonal, competição continental realizada em 2023 no Canadá.
Em fevereiro de 2023, o ciclismo paralímpico brasileiro garantiu duas vagas, uma masculina e outra feminina, obtidas no ranking internacional por nação. Pelos mesmos critérios, o Brasil também poderá levar, até o momento, dois representantes equestres.
Em agosto, a seleção brasileira de canoagem paraolímpica conquistou sua vaga na Copa do Mundo, realizada em Duisburg, na Alemanha. No total, foram seis medalhas e quatro vagas para os Jogos nas seguintes classes: VL2 e KL1 para os homens, e VL3 e VL2 para as mulheres.
Em setembro, a paulista Claudia Santos conquistou o primeiro lugar no remo brasileiro ao terminar a Copa do Mundo em Belgrado, na Sérvia, com a sétima colocação na classe PR1 1xW (atletas com mínima ou nenhuma função de tronco). No taekwondo, o Brasil encerrou o ano com cinco colocações, que são do país e não dos lutadores, no ranking mundial.
Para Paris, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) espera convocar cerca de 250 atletas com deficiência. Na última edição, em Tóquio, foram 235 atletas, oportunidade em que o país não teve representantes no rugby ou basquete em cadeira de rodas. O recorde de participantes brasileiros foi nos Jogos Rio 2016, quando o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas em todas as 22 modalidades.
Na história dos Jogos Paralímpicos, o Brasil já conquistou 373 medalhas (109 de ouro, 132 de prata e 132 de bronze), ou seja, está a 27 do seu 400º pódio no evento.
Na última edição, Tóquio 2020, o país fez sua melhor campanha com 72 medalhas no total, mesma quantidade obtida nos Jogos Rio 2016. Destes, 22 foram ouro, superando os 21 de Londres 2012. Houve também mais 20 pratas e 30 bronzes no Japão.
Antes do início dos Jogos de 2024, os atletas brasileiros passarão por aclimatação na cidade francesa de Troyes, a 160 km de Paris. O presidente do CPB, Mizael Conrado, assinou o acordo em julho passado, no Centre Sporttif de L’Aube Troyes, espaço onde os atletas ficarão até o início do megaevento.
Carol Santiago

Na expectativa de disputar sua segunda edição do megaevento, a nadadora pernambucana Carol Santiago, 38, da classe S12 (baixa visão), explicou como está se preparando. Depois de subir cinco vezes ao pódio nos Jogos de Tóquio 2020, ela se tornou a maior medalhista brasileira na capital japonesa.
“Há uma grande diferença entre o atleta que esteve em Tóquio e aquele que chegará em Paris. Achei que estava completamente maduro no Japão, mas hoje vejo que consigo controlar melhor minhas emoções. O caminho para Tóquio foi um sucesso e agora está mais fácil de seguir. Vou aproveitar esses últimos meses para polir as coisas e trabalhar meu psicológico. Tenho certeza que chegarei preparada em todas as áreas, com o trabalho de toda a minha equipe”, disse a pernambucana, que nasceu com síndrome da Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão.
Carol também comentou que está ansiosa para competir com os fãs, já que os Jogos de Tóquio ainda foram realizados sob restrições impostas para combater a Covid-19. “Tive um gostinho no Parapan (Santiago 2023) de como é ter esse apoio e estou animado para sentir isso em Paris”, continuou o atleta, dono de oito medalhas no último Mundial Paralímpico de Natação, em Manchester, realizada em 2023.
As conquistas de Carol, que, desde 2019, subiu ao pódio 33 vezes em missões internacionais pelo Brasil (cinco em Jogos Paralímpicos, 19 em Mundiais e nove em Parapans), a colocaram em destaque na natação paralímpica mundial. Porém, o atleta não gosta de carregar o peso do favoritismo.
“Fui campeão em três provas nos Jogos de Tóquio, mas depois que subi no pódio outra história começou a ser escrita. Respeito muito os meus adversários, que são meus amigos, e sempre os observo, assim como eles também me respeitam. Numa competição como os Jogos, tudo pode acontecer. Procuramos entrar com muita cautela, tentando não cometer erros”, finalizou o recordista mundial dos 50m livres, com o tempo de 26,65 registrado no Mundial de Manchester.
Em Tóquio, ela foi campeã paralímpica nesta prova com o tempo de 26,82, ou seja, caiu quase 20 centésimos durante o ciclo.
Confira os números de atletas brasileiros classificados por esporte:
6 – goalball masculino
24 – voleibol sentado (masculino e feminino)
8 – futebol para cegos
3 – tiro com arco (equipe mista composta [dois atletas] e indivíduo masculino composto – classe WH1)
1 – tiro esportivo
6 – tênis de mesa
5 – bocha (equipe BC1/BC2 [três atletas]) e pares BC3
4 – canoagem
5 – taekwondo
37 – atletismo
1 – remo
2 – ciclismo (homens e mulheres)
12 – natação
2 – equestre
A soma ainda não leva em conta as seis atletas da seleção feminina de goalball, que recebeu convite da Federação Internacional de Desporto para Cegos após a vaga africana não ter sido preenchida.