O presidente do Juventude, Fábio Pizzamiglio, afirmou que não há condições imediatas para a retomada dos jogos das equipes gaúchas no Campeonato Brasileiro. Em entrevista com CNN BrasilPizzamiglio explicou que o clube tem “funcionários que perderam tudo” e que a cidade de Caxias do Sul, onde fica o clube da Série A, vive um cenário preocupante.
Nesta segunda-feira (13), o dirigente explicou que entende um possível “perda financeira” em caso de paralisação, mas que a continuidade da competição é uma “falta de empatia” e que os clubes gaúchos estão em uma desvantagem com um “enorme desequilíbrio técnico, sem ritmo de jogo”.
“Em relação à estrutura, o Juventude não tem muito o que reclamar perto da dupla Gre-Nal e região metropolitana, mas tivemos funcionários que perderam tudo, funcionários que ficaram sem contato com seus familiares. Alguns ficaram até dez dias sem saber se seus familiares estavam bem ou não, foi realmente muito complicado. Tivemos fortes chuvas nos últimos dias, tivemos terremotos nas primeiras horas da manhã, trovoadas e deslizamentos de terra também, há registros de queda de pontes. O cenário da nossa região também é muito preocupante”, comentou.
O centro de treinamento e estádio do Juventude, Alfredo Jaconi, não foram afetados pelas enchentes.
Desistir é “difícil” e causa “prejuízos financeiros”
Sobre a paralisação, ele comentou que entende a paralisação do Brasileirão como algo “difícil” e que pode causar “prejuízos financeiros”. Porém, para o cartola, “a parte humanitária e psicológica é primordial neste momento”. O Juventude faz parte da Liga Forte União que, por enquanto, é favorável à suspensão geral da competição. Porém, nem entre as 11 seleções há consenso sobre as decisões do bloco.
O presidente também comentou a falta de estrutura de viagens tanto dos times gaúchos quanto dos visitantes.
“Nossa logística entre Porto Alegre e Caxias também será afetada. 90% das vezes o Juventude passa por Porto Alegre, não saindo de Caxias do Sul. Cá entre nós poderíamos ajudar uns aos outros, mas a logística de outros clubes chegarem aqui é completamente impossível. A previsão para o aeroporto de Porto Alegre, por enquanto, é 30 de maio e, nesse período, não se sabe o que acontecerá. Nosso aeroporto está fechado (em Caxias do Sul), e o pouco que está sendo utilizado é para receber ajuda humanitária. Seria um absurdo usar a estrutura para o futebol acontecer”, afirmou.
A declaração foi dada em entrevista com os jornalistas Maurício Noriega e Carol Nogueira, na CNN Novo Dia.
Sem ritmo de jogo
Fábio Pizzamiglio agradeceu a oferta de CTs e estádios de outros clubes, mas afirmou que “não tem condições de afastar atletas de suas famílias. Temos atletas que estão com suas famílias em abrigos.” Ele explicou que há pesquisas para que a dupla do Gre-Nal utilize o Alfredo Jaconi, estádio do Juventude, que não foi afetado pelas enchentes, para receber jogos.
“Talvez a falta de empatia, talvez não queiram partilhar o problema e, depois, a falta de datas. Teremos um enorme desequilíbrio técnico. Quando Juventude, Grêmio e Inter voltarem a jogar, estaremos muito abaixo dos demais, sem ritmo de jogo. Mal conseguimos treinar”, avaliou sobre a greve.
Reunião da CBF sobre possível greve
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou a convocação de um Conselho Técnico Extraordinário para o dia 27 de maio. O encontro discutirá o futuro da Série A do Campeonato Brasileiro e contará com representantes de todos os 20 clubes. Segundo comunicado da CBF, o tema principal do encontro será a situação dos clubes gaúchos e questões relativas à continuidade do Brasileirão.
A possibilidade de parar o Campeonato Brasileiro, defendida pelos clubes da Liga Forte União, além de alguns atletas que também se manifestaram, o assunto não foi abordado pela decisão da CBF. Pela diretoria, o Palmeiras se disse contra a greve. O Flamengo também não quer paralisação.
Os clubes gaúchos, afetados pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, tiveram seus jogos adiados para o dia 27 de maio, data do encontro. O Conselho Técnico será realizado na sede da CBF, no Rio de Janeiro. O Governo Federal, por meio do Ministério dos Esportes, também solicitou a suspensão do Campeonato Brasileiro.
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