As mudanças climáticas têm se tornado cada vez mais intensas no Brasil e devem impactar os cidadãos até mesmo nas compras no mercado. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), a seca no país entre 2023 e 2024 é “a mais intensa da história recente”.
Para esta semana, as autoridades meteorológicas emitiram alerta de baixa umidade em diversas regiões do Brasil, incluindo Centro-Oeste, Tocantins, interior de Minas Gerais e São Paulo.
Em Goiânia e Brasília, os níveis de umidade podem ficar abaixo de 10%.
Além disso, as previsões do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) para este ano indicam que todos os rios da Bacia Amazônica têm alta probabilidade de permanecerem abaixo dos seus mínimos históricos.
Este cenário de seca em grande parte do país levanta um alerta: a produtividade de alguns produtos alimentares deve cair e os seus preços devem aumentar.
Segundo o diretor executivo de Política Agrícola e Informação da Conab, Sílvio Isoppo Porto, a laranja é a fruta que pode ter maiores problemas devido à massa de ar quente em grande parte do Brasil. Já causa grande estresse hídrico nos pomares e está comprometendo a qualidade de vários lotes.
Porto destaca que 85% da produção de laranja está concentrada no cinturão citrícola, que inclui o estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro. São regiões severamente afetadas pela seca e ainda mais castigadas, nas últimas semanas, pelos incêndios, que danificaram vários pomares.
Considerando que “a tendência é que a indústria continue a exigir fruta do Brasil, num contexto em que a colheita esperada será baixa”, segundo Isoppo Porto, deverá haver menos sobras de fruta para o mercado grossista e de mesa. As projeções indicam que isso manterá os preços elevados por um longo período.
Outra fruta que deve sentir o impacto da seca é a banana, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção já teve aumento de preços devido à baixa quantidade produzida e deverá aumentar acentuadamente devido às chuvas irregulares, que causaram estresse hídrico e prejudicaram as plantações de banana.
“Os preços, portanto, devem permanecer elevados pelo menos até o início de novembro, quando tradicionalmente entra no mercado a nova safra de banana anã do Vale do Ribeira, norte de Santa Catarina e norte de Minas Gerais, além da banana prata em dezembro com origem em Minas Gerais e Bahia, principalmente”, destaca o diretor de Informações da Conab.
Para proteínas de porco e frango, o impacto tende a ser mais brando. A região Sul, responsável por mais de 70% da produção nacional de ambos os produtos, deverá sentir forte impacto no clima.
Isso deve ocorrer, segundo o especialista, não só pela seca, mas também pela previsão de ocorrência do La Niña, que provoca chuvas acima da média.
“Pensando em leite, carne, arroz, feijão, frango e ovos, o impacto no preço deverá ser mais duradouro no período de seca, principalmente em regiões como Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, onde as condições climáticas são mais severas”, A Conab também destaca.
Com isso, a estimativa é que os consumidores sintam o aumento dos preços no curto prazo, inclusive nos próximos meses, à medida que o efeito da seca se intensificar e se refletir nos preços.
No caso dos grãos, como arroz, soja, milho e trigo, não deverá haver aumento de preços por conta da seca. Isso porque, segundo a Conab, a maior parte da safra desses produtos já havia sido colhida.
“A oferta continua dentro do esperado e os preços desses produtos estão bastante baixos. Embora haja preocupação com o clima, a seca, por enquanto, causou poucos danos às lavouras e não resultou em aumentos significativos de preços”, explica o diretor executivo de Política e Informação Agrícola da Empresa.
As regiões impactadas pela seca, conforme observado, deverão ter sua produção estabilizada na próxima safra, evitando perdas na oferta e aumentos de preços.
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