A sexta-feira trouxe um evento inédito para o Brasil no Campeonato Mundial Paraolímpico de Atletismo, em Kobe, no Japão. Foi o primeiro dia sem que o país ocupasse o lugar mais alto do pódio. Mesmo assim, os brasileiros comemoraram mais três medalhas no evento.
Thiago Paulino, de São Paulo, prata no arremesso de peso F57 (que compete sentado), Lorena Spoladore, do Paraná, também segunda colocada no salto em distância T11 (deficiência visual), e Izabela Campos, de Minas Gerais, bronze no lançamento de disco F11 (deficiência visual), foram os medalhistas do país nesta sexta-feira no Japão.
A seleção brasileira de atletismo faz sua melhor campanha dourada da história da Copa do Mundo de Kobe, com 18 vitórias, superando as 16 registradas em Lyon 2013, que até então era o recorde do país. Com o resultado, o Brasil permaneceu na segunda colocação no quadro geral de medalhas, com 18 ouros, 11 pratas e sete bronzes. A líder é a China, com 26 ouros, 26 pratas e 21 bronzes.
O arremessador de peso Thiago Paulino teve a melhor marca da prova até que o iraniano Yasin Khosravi, último participante da competição, alcançou a distância de 15,83m e garantiu a medalha de ouro. Assim, o brasileiro, que sofreu amputação da perna esquerda abaixo do joelho devido a um acidente de moto em 2010, ficou com a prata com 15,08m. O finlandês Teijo Koopikka foi o medalhista de bronze, com 14,74m.
Foi a quinta medalha de Thiago Paulino no Mundial de Atletismo, três ouros e duas pratas. Em Paris 2023, ele havia ficado na mesma posição na prova.
“Estou muito feliz. Aos 38 anos, conquistando essa medalha de prata em uma categoria bastante competitiva, com novos atletas sempre surgindo. Não estou muito acostumado com a medalha de prata, é uma sensação estranha. Mas o iraniano tinha méritos. Agora definiremos essa hegemonia com ele nos Jogos Paris 2024. É o melhor começo de ano da minha carreira. Eu fiz a maior tacada da minha carreira [15,27m] nesse ano. Volte agora para o Brasil e trabalhe ainda mais”, disse Thiago.
Lorena Spoladore também repetiu o mesmo resultado obtido em Paris 2023 e levou novamente a medalha de prata no salto em distância T11. Ela estabeleceu sua melhor marca da temporada (4,95m) e ficou atrás apenas da uzbeque Asila Mirzayorova, que marcou 5,18m.
Foi a segunda medalha do paranaense em Kobe, depois do bronze nos 100m T11. Ela também alcançou sua sétima Copa do Mundo na carreira, um ouro, três pratas e três bronzes. Uma delas foi a medalha de ouro no salto em distância em Lyon 2013, quando tinha apenas 17 anos.
“É muito gratificante sair desta Copa do Mundo com duas medalhas. Por tudo que passamos na carreira, mas quando superamos os obstáculos, a medalha tem um sabor muito mais especial. Esta medalha é muito importante para mim porque foi neste evento que fui descoberto na minha carreira no cenário mundial”, explicou.
A mineira Izabela Campos participou de duas finais entre a noite desta quinta-feira (no Brasil), dia 23, e a manhã desta sexta-feira, 24. Em sua segunda final na competição, Izabela conseguiu se manter no pódio no lançamento de disco F11. quando conquistou o bronze com a marca de 36,84m. Esta foi a sexta medalha do atleta nascido em Belo Horizonte em Copas do Mundo, uma de prata e cinco de bronze, desde Lyon 2013. A China fez uma dobradinha, com Liangmin Zhang (prata, com 38,62m) e Enhui Xue (ouro, com 40,24m).
Horas antes, pela manhã no Japão, ela havia disputado a final do arremesso de peso F12 (deficiente visual), na qual terminou na sexta colocação, com 10,12m, sua maior distância alcançada nesta temporada.
“Essa medalha tem um significado muito forte para mim. Isso mostra que estou no caminho certo para os Jogos Paralímpicos. Vamos ajustar alguns detalhes para chegar em Paris com segurança”, pontuou Izabela, vítima de sarampo aos seis anos e que foi perdendo progressivamente a visão até não poder mais enxergar aos 15.
Beth Gomes foi outra brasileira a disputar uma corrida decisiva na noite de quinta-feira (no Brasil). Medalha de ouro no lançamento de disco F53 e prata no lançamento de peso F53/F54 em Kobe, a atleta paulista encerrou sua participação na sexta colocação no lançamento de dardo F52/F53/F54 (prova coletiva), com 13,18m. O ouro foi para o Uzbequistão, com 20,73m registrados por Nurkhon Kurbanova.
Ainda na noite anterior, o gaúcho Wallison Fortes mostrou força em sua prova principal, os 200m T64 (para amputados de membros inferiores com próteses), e avançou para a final com o melhor tempo das eliminatórias. Ele correu 22,78, seu melhor tempo da temporada. A final será a última partida da competição, às 7h15 deste sábado.