Um ddocumentário sobre a invasão russa da Ucrânia exibido no Festival de Cinema de Veneza deveria servir como aviso para o resto da Europa sobre o perigo que Moscou representa, disseram seus protagonistas nesta quarta-feira (5).
“Canções da Terra em Queima Lenta”dirigido por Olha Zhurbamostra o impacto devastador do conflito nas vidas dos ucranianos comunsdesde o momento em que os primeiros mísseis russos subiram aos céus do país, em Fevereiro de 2022, até aos dias de hoje, com a resistência ainda em curso contra um dos exércitos mais poderosos do mundo.
“É uma boa oportunidade para outros países do mundo pensarem e (verem) o que estamos enfrentando agora e, no futuro, estarem preparados e não serem tão ingênuos quanto éramos”, disse Ganna Vasyk, médica da linha de frente do o Exército que participa do filme.
A Rússia negou repetidamente que planeava atacar a Ucrânia antes do presidente Vladimir Putin ordenar a passagem de tanques através da fronteira. Posteriormente, o país rejeitou sugestões de que poderia atacar outros países que faziam parte da União Soviética e que agora fazem parte do Ocidente.
“Acho que este filme é muito importante para entender que ninguém pode permanecer ignorante, porque a ignorância mata”, disse Vasyk em entrevista coletiva antes da estreia do filme.
O documentário começa com chamadas de pânico para os serviços de emergência ucranianos, com a primeira onda de bombas russas explodindo ao fundo.
À medida que a guerra se aproxima, vemos civis desesperados a tentar fugir da capital Kiev, enquanto voluntários exaustos ajudam famílias a escapar de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, que assistiu aos piores combates no início do conflito.
Em seguida, a câmera filma pelo para-brisa de um caminhão que transporta o corpo de um soldado morto, com espectadores na estrada ajoelhados na neve enquanto o caixão passa em direção ao cemitério lotado.
Mais tarde, Zhurba mostra médicos tentando identificar soldados ucranianos mortos e investigadores em busca de uma possível vítima de crime de guerra. O que o documentarista nunca mostra é sangue, vísceras ou explosões. Tudo isso está fora de vista.
“Se (o filme) mostrar cadáveres ou destruição, isso apenas irá chocar e não evocará o sentimento correto do que é a guerra. Acho que a arte é muito fraca e não há linguagem para explicar esta experiência (de guerra)”, disse Zhurba.
O documentário mostra a resiliência de quem acabou engolido pelo conflito, seja o padeiro que continua trabalhando mesmo com bombas caindo nas proximidades ou os soldados que aprendem a andar com suas novas próteses.
*Com reportagem de Crispian Balmer
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