À primeira vista pode não parecer, mas Paris É o local ideal para sediar a primeira competição de breakdance dos Jogos Olímpicos. A estreia do esporte acontece na capital de um dos países que mais abraçou o hip hop no mundo, com uma indústria próspera e artistas de rap no topo das paradas. Não é por acaso que Paris abriga um centro cultural inteiramente dedicado ao hip hop, La Place.
“Todos os anos organizamos uma grande batalha de breakdance que é ‘Chill in the City’, e este ano trabalhamos com a Prefeitura de Paris para organizar as batalhas de breakdance das Olimpíadas do Bairro, com a final acontecendo em um estádio de futebol”, afirma Julien Cholewa, diretor do centro cultural.
Dirigindo o centro desde 2020, Cholewa explica que a relação com o breakdance e o centro cultural comprova este forte contacto entre Paris e os países mais nova modalidade olímpica. “Acompanhamos o trabalho de Valentine Nagata Ramos, um dos principais breakdancers do mundo e um dos jurados da competição de breakdance dos Jogos Olímpicos”, afirma o especialista.
Localizado no centro da cidade, numa região descrita pelo escritor Émile Zola como “a barriga de Paris”, La Place é um espaço multidisciplinar que abriga os quatro pilares do hip hop: rima e batida, passando pelo rap e produção musical, artes visuais e , claro, dançar.
“Aqui temos espaço para música, principalmente rap, mas também DJing, beatbox e outros, dança, claro, com todas as formas de dança hip-hop que podem existir, seja em forma de batalha, festa ou criação coreográfica, e também artes visuais, como graffiti em forma de performance ou murais”, explica Julien Cholewa, diretor do centro cultural.
Voltado tanto para fãs quanto para artistas emergentes, o La Place é um dos poucos equipamentos culturais do gênero no mundo com toda a estrutura pensada para o hip hop. O centro conta com duas salas de espetáculos: uma delas com palco amplo, que privilegia apresentações de breakdance, e a outra segue um modelo tipo arena, sem palco, próprio para batalhas de dança.
Outro elemento de destaque são os estúdios: três grandes salas e quatro estandes menores dedicados à produção musical e formação de DJs. “Temos grande foco em jovens artistas, nomes em ascensão, principalmente aqueles que já caminham para uma trajetória de desenvolvimento profissional”, afirma Cholewa.
Este ano, o centro cultural também sediou a convenção Le 2P, voltada para profissionais da cultura que trabalham com hip hop. Um dos temas centrais da conferência foi justamente a chegada do breakdance aos Jogos Olímpicos. “Debatemos todas as questões que isso trouxe para os bailarinos, para o hip hop na França, como seria organizada a competição, entre outros temas”, afirma o diretor.
O espaço conta ainda com um bar anexo a um dos show rooms. A parede ao lado do caixa exibe fotos de todos os rappers que já pisaram ali — uma constelação para os fãs do hip hop francês. De certa forma, é também a continuação de uma tradição local: o centro de Paris foi um dos espaços onde nasceu o hip hop na França, assim como foi o centro de São Paulo para o hip hop brasileiro.
“Estamos bem no centro de Paris, no cruzamento desta cidade, e este sempre foi um lugar histórico para o hip hop: aqui você sempre encontra dançarinos de break, aqui ficavam as lojas de discos de rap, as lojas de roupas”, explica Cholewa. “Eu mesmo lembro que quando era mais novo vinha aqui comprar discos e conhecer outros fãs de rap.”
As competições de breakdance dos Jogos Olímpicos Paris 2024 acontecerão nos dias 9 e 10 de agosto na Place de La Concorde, região que fica a apenas dez minutos do centro cultural La Place e receberá outros esportes que chegaram recentemente ao evento – se for skate e basquete 3×3.
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