O governo vê com tranquilidade o momento vivido pela companhia aérea Azul, apesar dos desafios financeiros da empresa, disse o secretário nacional de aviação civil do Ministério dos Portos e Aeroportos, Tomé Franca.
“O ministério tem acompanhado o assunto com tranquilidade porque a Azul é uma empresa extremamente consolidada e estruturada no mercado de aviação, com forte alcance regional”, disse à Reuters.
As ações da Azul despencaram desde a semana passada, à medida que aumentavam as preocupações com a alavancagem da empresa, pressionada pela desvalorização do real, e possíveis alternativas para lidar com suas dívidas.
Na última quinta-feira (29), o presidente executivo da Azul, John Rodgerson, afirmou que a companhia aérea está saudável financeiramente, recebendo novas aeronaves, e que não tem planos de entrar com pedido de recuperação judicial.
Em fato relevante no mesmo dia, a empresa reafirmou uma série de negociações que já havia divulgado anteriormente envolvendo ações para melhorar sua estrutura de capital.
O gatilho para a queda das ações foi uma reportagem da Bloomberg News de que a Azul está avaliando opções que vão desde uma oferta de ações até a apresentação de um pedido de recuperação judicial para cumprir suas obrigações de dívida. Segundo a Azul, a notícia foi “mal interpretada”.
Desde então, porém, as ações acumulavam uma queda de cerca de 33% até à véspera, tendo renovado mínimos históricos. Nesta quarta-feira (4), por volta das 15h50, as ações subiam 4,73%, a R$ 5,09, enquanto o Ibovespa subia 1,4%.
No início desta semana, a S&P reduziu o rating global da Azul para “CCC+”, afirmando que os resultados do primeiro semestre foram mais fracos do que o esperado, ampliando o seu défice de fluxo de caixa operacional para o ano e enfraquecendo a liquidez.
No radar da Azul está o projeto que reformula a Política Nacional de Turismo e, entre outros projetos, reabre a possibilidade de empréstimos garantidos pelo Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) para companhias aéreas.
Segundo o presidente da Azul, na última quinta-feira, “com certeza” a empresa recorrerá a recursos da Fnac, que disponibiliza R$ 5 bilhões por ano em crédito ao setor. Já aprovado no Congresso, aguarda sanção presidencial.
Rodgerson não citou valores, mas mencionou que a Azul pode solicitar o recebimento de “um terço” do valor do fundo. “É uma dívida um pouco mais barata do que conseguiríamos no mercado.”
Pelas regras do projeto, os recursos da Fnac não podem ser utilizados para reduzir ou alongar dívidas, mas dão mais margem de manobra às empresas. Segundo o secretário nacional da aviação civil, é uma solução utilizada por outros países, especialmente durante a pandemia, quando as receitas das companhias aéreas despencaram.
“Os Estados Unidos, França, Alemanha, Portugal concederam milhões de dólares às companhias aéreas durante a pandemia”, disse o secretário.
Franca acrescentou que a procura aérea continua forte no país, assim como a actividade económica, o que cria perspectivas positivas para o sector da aviação.
“O tráfego aéreo no Brasil continua muito forte, com crescimento próximo de 5% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, a economia brasileira mostra força, crescendo acima das expectativas”, mencionou.
“Acredito que as companhias aéreas terão aqui um cenário ideal para ampliar sua capacidade de atendimento e se equilibrar financeiramente.”
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