O Ibovespa registrou o terceiro desempenho mensal negativo consecutivo, com queda de 3%. A questão dos juros continua a ser o principal destaque: os investidores continuam a perguntar-se quando é que a Reserva Federal iniciará o processo de flexibilização da política monetária e esta questão continua a ditar o rumo dos negócios.
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Aqui, a desancoragem fiscal e a aproximação do fim do ciclo de redução das taxas de juro penalizaram os ativos de risco em geral, o que afetou diversas empresas focadas na economia nacional, como retalhistas e instituições de ensino. A tragédia com as enchentes no RS também afetou as empresas da Bolsa. Entre os maiores aumentos, o destaque ficou com o setor frigorífico.
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Confira abaixo o que gerou as maiores mínimas e maiores máximas do mês.
Maiores vítimas
IRB (IRBR3): queda de 25,71%
As ações do IRB, que estavam na última posição do Ibovespa, foram muito impactadas pela tragédia com as enchentes no Rio Grande do Sul entre o final de abril e o início deste mês – com as resseguradoras se destacando como aquelas com potencial para serem mais afetado devido ao aumento de sinistros. Em teleconferência após o balanço no início de maio, a empresa disse que não haveria informações suficientes para avaliar a situação naquele momento, mas destacou que sua exposição estaria bem protegida por contratos (resseguros de resseguradores) e que o valor líquido o impacto na empresa poderá variar de R$ 80 milhões a R$ 160 milhões nos próximos meses/trimestres.
Até meados do mês, a empresa ainda não havia recebido notificações, mas o BTG destacou que era importante lembrar o atraso inerente: o cliente comunica o sinistro à seguradora, que posteriormente avisa a resseguradora. As ações caíram fortemente, o que levou até a um aumento da recomendação do JPMorgan, com o banco vendo o efeito como exagerado, mesmo vendo a empresa como uma das mais afetadas – mas as ações continuaram em queda.
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Petz (PETZ3): queda de 20,38%
Depois de figurar como um dos destaques positivos do Ibovespa em abril com o andamento da fusão com a Cobasi, as ações da Petz tiveram mês de maio negativo, enquanto analistas ainda avaliam a operação. No final deste mês, o Bank of America elevou o preço-alvo da PETZ3 de R$ 4,45 para R$ 4,80 e destacou que há “justificativas convincentes” para a fusão, mas reiterou recomendação neutra ao apontar alguns problemas para a combinação de negócios. O banco americano destacou riscos como possíveis atrasos ou incapacidade da Petz de concluir a fusão nos termos anunciados. O BofA destacou desafios de execução e integração, a saída de gestores-chave e um cenário de menor procura no setor, mas considerou que existe um risco antitruste limitado para a combinação de ativos.
Yduqs (YDUQ3): desvalorização de 17%
O mês de maio foi marcado por uma montanha-russa para as ações da Yduqs. A participação caiu acentuadamente após o resultado, disparou após a divulgação das projeções para os próximos anos, sofreu pressão com novas definições sobre Mais Médicos e EAD e acabou encerrando o mês com queda significativa. A ação também está entre as maiores quedas do ano e recentemente teve sua recomendação reduzida para neutra pelo Citi. O banco cortou a recomendação, listando a perspectiva de desaceleração das receitas, aumento de inadimplência e despesas de marketing, além de perspectivas mais fracas de fluxo de caixa. Neste cenário, os analistas também reduziram a estimativa de lucro para 2024 e 2025 em 16%. Os analistas referem ainda que, com o atual nível de preços, a valorização das ações continua atrativa no longo prazo, mas destacam a falta de catalisadores no curto prazo, a assimetria regulatória negativa e o risco negativo para as projeções de lucros e fluxos de caixa.
Suzano (SUZB3): queda de 16,70%
As ações da Suzano foram bastante afetadas neste mês em meio ao fluxo de notícias sobre um potencial acordo para aquisição da International Paper, o que aumentou as preocupações com o aumento da dívida e dificuldades de sinergias. Após vários rumores, a empresa brasileira confirmou interesse nos ativos da IP no final do mês. Porém, ainda não se sabe se a Suzano está interessada na empresa inteira ou apenas nos ativos de celulose. Embora mantenham recomendação de compra para as ações da Suzano, os analistas do BBI acreditam que poderão permanecer sob pressão até que melhore a visibilidade de sua estratégia de alocação de capital.
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Lojas Renner (LREN3): queda de 14,42%
As ações da Renner sofreram durante o mês com o cenário de juros mais altos e também com os analistas contabilizando em seus números os impactos das enchentes no RS. Durante o mês, a XP Investimentos rebaixou a ação LREN3 de compra para neutra, já que o clima e o macro foram vistos como obstáculos ao crescimento da varejista e à expansão das margens. JPMorgan reiterou sua recomendação sobrepeso (exposição acima da média do mercado, equivalente a compra) para a ação. No final do mês, a decisão da Câmara de impor um imposto de importação de 20% sobre compras internacionais de até 50 dólares gerou alívio para o varejo nacional, mas os analistas não viam isso como um “divisor de águas” para as empresas nacionais.
Confira as maiores quedas do Ibovespa em maio:
Empresa | relógio | Pesquisar valor | Cai no mês |
IRB | IRBR3 | R$ 31,56 | -25,71% |
Petz | PETZ3 | R$ 3,75 | -20,38% |
Yduqs | YDUQ3 | R$ 12,11 | -17% |
Suzano | SUZB3 | R$ 48,70 | -16,70% |
Lojas Renner | LREN3 | R$ 13,12 | -14,42% |
Maiores altos
JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3): aumentos de 23,04%, 19,37% e 10,07%
As ações de três empresas de proteínas se destacam entre as que mais subiram em maio, com JBS, Marfrig e BRF subindo pelo menos 10% no período. Para o setor em geral, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, apontou a melhora do ambiente para o setor, destacando que muitos investidores estavam em uma situação significativamente mais difícil no início do ano passado, devido ao imbróglio relacionado à doença das vacas louco no norte do país. “Neste ano, a situação está mais simplificada e houve avanços consideráveis em termos de permissões internacionais para que as usinas brasileiras possam exportar, principalmente para a China, algo que impulsionará o setor nos próximos anos”, avaliou.
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Mas também existem “micro” fatores. Para a BRF, depois do balanço muito positivo do primeiro trimestre, o Bank of America chegou a elevar a recomendação BRFS3 de underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente a venda) para neutra. A equipe de análise viu “uma dinâmica de lucros mais construtiva, impulsionada principalmente pelos preços internacionais mais elevados do frango e pelas reduções contínuas nos custos de alimentação”. A XP elevou o preço-alvo e reiterou a BRF como primeira escolha, com iniciativas estratégicas implementadas pela nova administração, que impulsionaram os ventos favoráveis do setor.
A JBS também trouxe resultados robustos, além da indicação da administração de que seu processo de desalavancagem poderia ser acelerado, o que animou o mercado. Enquanto isso, mesmo com números menos animadores no 1T24, a Marfrig indicou sinais iniciais de um ciclo pecuário mais favorável nos EUA, com redução na participação de novilhas no abate (sugerindo retenção) e aumento no número de vacas no rebanho devido para melhores condições de pastagem. A empresa também se beneficia com sua participação na BRF.
Vamos (VAMOS3): avanço de 14,06%
No início do mês, a Vamos reportou resultados do primeiro trimestre de 2024 acima das expectativas, após repetidas decepções. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 820 milhões (aumento anual de 24%), 5% acima do consenso.
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Conforme destacado pelo Bradesco BBI, a empresa apresentou sólidos resultados em seu principal negócio, com crescimento de EBITDA de locação no 1T24 de 41% ano a ano e taxa de locação mensal de 2,5% para novos contratos assinados no 1T24. “Os consistentes resultados de locação e consequentemente a mudança no mix de receitas explicam a expansão da margem Ebitda consolidada para 47,5%, de 39,2% no 1T23 e 45,5% no 4T23. No entanto, na nossa opinião, o principal gatilho para a reavaliação das ações parece ser uma recuperação na divisão de concessionárias, o que poderia impulsionar o crescimento do RoIC [retorno sobre o capital investido] e lucro”, apontam os analistas. O banco mantém recomendação de compra para VAMO3. O BofA, por sua vez, manteve recomendação neutra para a ação, ressaltando que o risco-retorno permanece equilibrado.
Engie (EGIE3): aumento de 9,04%
Correr “por fora” foi a ação de Engie. As ações da empresa subiram apesar do resultado do primeiro trimestre considerado morno pelos analistas de mercado. O EBITDA ajustado (excluindo equivalência patrimonial) foi de R$ 1,519 bilhão, em linha com a estimativa do Itaú BBA de R$ 1,504 bilhão. No braço de geração, foi um trimestre fraco para a geração eólica, mesmo considerando a entrada em operação do complexo eólico Santo Agostinho. Numa base de activos comparáveis, a produção eólica efectiva caiu 29% numa base anual, principalmente afectada por fracos recursos eólicos.
Além disso, os números foram impactados negativamente pela venda do ativo térmico Pampa Sul. A alavancagem aumentou ligeiramente no trimestre para 2,3 vezes dívida líquida/Ebitda (de 2,1 vezes no quarto trimestre), permanecendo em um nível confortável. “Dito isso, projetamos um aumento da alavancagem da empresa daqui para frente (superando 3 vezes até o final de 2024) devido ao alto nível de investimento”, pontuou o banco. De acordo com a compilação do consenso LSEG, das 12 casas que cobrem o stock, 9 recomendam a manutenção e 3 vendem o ativo.
Confira as maiores altas do Ibovespa em maio:
Empresa | relógio | Pesquisar valor | Alta no mês |
JBS | JBSS3 | R$ 28,84 | +23,04% |
Marfrig | MRFG3 | R$ 11,28 | +19,37% |
Vamos | VAMO3 | R$ 8,11 | +14,06% |
BRF | BRFS3 | R$ 18,58 | +10,07% |
Engenheiro | EGIE3 | R$ 43,34 | +9,04% |