As notícias sobre o setor de telefonia têm sido bastante movimentadas. No final da semana passada, o site Neofeed informou que a Telefônica Brasil (ou Vivo VIVT3) estava negociando a compra da operadora de banda larga Desktop (DESK3), o que fez com que as ações da DESK3 subissem 16% na sessão.
Em esclarecimento enviado ao mercado, a Desktop afirmou que não “definiu a concretização” de nenhuma potencial transação. “Fica esclarecido que a empresa não definiu a execução, nem termos e condições de eventuais operações”, afirmou a empresa em fato relevante.
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A Desktop afirma estar presente em 180 cidades do Estado de São Paulo com 1 milhão de clientes ativos. A empresa encerrou o primeiro trimestre com resultado operacional de 138 milhões de reais, um aumento de 25% sobre o desempenho do ano anterior.
Para o Itaú BBA, a aquisição do Desktop acrescentaria 2% e 2,4% à receita e ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) dos últimos doze meses, respectivamente, e potencialmente aumentaria a relação dívida líquida/EBITDA de 0,53 x para 0,58x (assumindo que não há prêmio de aquisição para a avaliação do Desktop)”, afirma, destacando que nenhum detalhe financeiro foi mencionado no relatório.
Na opinião do banco, a aquisição não seria material a nível consolidado para a Vivo. “Dito isto, pensamos que a concretização de uma transação depende da empresa encontrar um equilíbrio entre oferecer um premium suficientemente atrativo para Desktop e preservar valor para a Vivo. Estimamos que a Vivo possa oferecer um prêmio de até 50% sobre o preço de fechamento do Desktop na sexta-feira, dependendo das sinergias que conseguir colher”, aponta o BBA.
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Quanto ao Desktop, o potencial acordo representaria um passo em frente na consolidação do sector ISP (provedor de serviços de Internet), uma tendência que está a acontecer em todo o mercado e entre players de todos os tamanhos (por exemplo, com a recente operação entre Americanet e Vero).
“Embora acreditemos que uma transação entre Vivo e Desktop possa enfrentar obstáculos antitruste, a sobreposição limitada entre as duas e o alto nível de fragmentação na área do mercado de banda larga fixa no Brasil nos leva a acreditar que ela poderia ser aprovada sem medicamentos importantes. A Vivo teria que extrair sinergias de R$ 2,7 bilhões de uma aquisição para justificar o pagamento de um prêmio de 50% pelo Desktop”, aponta o BBA, que tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para VIVT3, com preço-alvo de R$ 60, ou potencial de alta de 31% em relação ao fechamento de sexta-feira.
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Passo altamente significativo confirmado
Ainda no radar da Vivo, a empresa anunciou na última sexta-feira que chegou a um entendimento sobre os termos e condições propostos para a conversão da sua concessão de voz fixa em instrumento de autorização.
Segundo a empresa, esta proposta inclui: (i) o encerramento de todos os processos administrativos e judiciais relativos à Concessão do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) atualmente em tramitação na agência reguladora Anatel e/ou respectivos tribunais; (ii) a desistência do processo arbitral movido pela companhia contra a agência reguladora; (iii) o compromisso da empresa com o interesse público promete ser cumprido em 10 anos; e (iv) garantia de manutenção do serviço telefónico fixo em determinadas localidades até 2028.
O Bradesco BBI considerou a notícia positiva para a Vivo. Embora os novos termos ainda não possam ser divulgados pela empresa, o fato de a empresa ter concordado com os novos termos indica que eles são provavelmente melhores que os iniciais propostos pela Anatel (R$ 8,7 bilhões em investimentos em um período de 10 anos), principalmente porque a Vivo está desistindo do processo de arbitragem contra a agência reguladora. Além disso, e potencialmente ainda mais relevante, espera-se que a tão esperada rescisão da concessão traga algum alívio às despesas operacionais através de custos de manutenção mais baixos relacionados com o envelhecimento das redes de cobre e taxas de penalização mais baixas relacionadas com os serviços de concessão, bem como a eliminação do Imposto bienal de 2% sobre as receitas das concessões, avalia o banco.
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Do lado do investimento, o BBI também espera ganhos de eficiência que deverão compensar parcialmente os investimentos necessários à migração. “Não vemos nenhum risco para as nossas atuais estimativas de investimento. Por fim, a potencial eliminação de processos administrativos e judiciais poderia levar à reversão de provisões (R$ 1,8 bilhão provisionado no balanço para disputas regulatórias – questões relacionadas à concessão devem responder por parte disso) e à redução de despesas financeiras relacionadas ao provisão monetária de ajuste”, reforça.
A XP classificou o acordo de sexta-feira com a Anatel como um passo altamente significativo, já que o comitê de negociação incluiu membros do TCU e do Ministério das Comunicações. Portanto, a aprovação parece estar bem encaminhada. “No geral, mantemos nossa recomendação de Compra e o preço alvo para o final de 2024 de R$ 64 por ação para VIVT3”, avalia.