O ponto que mais chamou a atenção no Boletim Focus desta semana foi a projeção do IPCA para o ano que vem, que voltou a subir. Isto pode representar uma mudança no comportamento do Banco Central.
Caio Megale, economista-chefe da XP, que liderou o programa nesta terça (21) Chamada matinal XP, expressou preocupação com o assunto. “Isso é importante porque é o horizonte relevante principalmente para a política monetária, que o Copom (Comitê de Política Monetária) está olhando”, comentou.
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“As projeções (para 2025 do Boletim Focus) subiram de 3,66% para 3,74%. Parece pouco, mas a meta (de inflação) é de 3%. Já estava nos 3,5% e esta é a quarta semana consecutiva que sobe”, destacou.
Outro corte de 0,25%
“Isso incomoda muito o Copom”, acrescentou. Megale afirmou que já há discussão entre analistas de mercado de que os juros podem nem sofrer corte na próxima reunião do comitê, nos dias 18 e 19 de junho, deixando a taxa Selic estacionária em 10,50%.
“Achamos que é possível cortar um pouco mais (a Selic), até porque esse movimento de alta nas expectativas não vai continuar no curto prazo. Há alguns indicadores de que os economistas alteraram as suas projeções nos últimos cinco dias e a variação média dessas projeções indica estabilidade, ao contrário do que indicou na semana passada”, afirmou.
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“É possível que (a projeção do IPCA) se estabilize por um tempo e dê algum conforto para o Copom cortar mais 0,25 p.p. na próxima reunião”, acrescentou.
Dados encorajadores nos EUA
Segundo o economista, um ponto que pode ajudar o Copom a decidir pela redução da Selic é que os últimos dados da atividade econômica dos Estados Unidos saíram mais fracos.
“Isso poderia encorajar o Fed a antecipar o processo de corte das taxas. Ele tinha sinalizado (o corte dos juros) para o final do ano, mas talvez seja trazido para o início do segundo semestre, julho ou setembro”, destacou.
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Fique de olho no relatório fiscal do governo
No Brasil, Caio Megale comentou que é de extrema importância observar o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 2º trimestre de 2024, a ser divulgado nesta quarta-feira (22) pelo governo federal.
O documento orienta a execução do Orçamento e destaca que a indefinição da receita que cobrirá as desonerações sobre a folha de pagamento em 17 setores e municípios, mantida pelo menos para 2024 em acordo entre o governo federal e o Congresso, cria mais expectativas sobre cumprimento da meta fiscal.
“É bom ficar de olho. O primeiro relatório bimestral trouxe um déficit de R$ 9 bilhões. Esse déficit possivelmente aumentará, atingindo o limite de R$ 28 bilhões que está contido na meta de superávit fiscal”, destaca.